quinta-feira, maio 20, 2010

Destaques

Diz-se muitas vezes que já não há distinção entre esquerda e direita. Não é verdade. Vê-se, frequentemente, a direita chorar lágrimas de crocodilo pela situação dos mais pobres e desfavorecidos mas, quando se trata de tomar decisões em que se tem de fazer uma opção clara, é evidente que a direita opta pela defesa dos interesses dos ricos e poderosos. É para isso que eles lá estão. Lamentavelmente o Partido de Sócrates envereda pelo mesmo caminho. No texto seguinte inserido hoje num jornal de Coimbra, José Manuel Pureza, deputado do BE, coloca o dedo na ferida desta situação, com muita oportunidade.
Pobres

Sócrates e Passos Coelho decidiram que a primeira medida é cortar no subsídio de desemprego. O PSD quer que os titulares de subsídio de desemprego e de RSI deixem de o ser se não trabalharem gratuitamente como contrapartida. O CDS insiste na qualificação do RSI como campo de fraudes em série.
Em aperto de cinto, a direita faz, dos mais pobres, alvo preferencial. Sempre o fez. Que o governo a acompanhe, é uma escolha de altíssimo significado político.
Primeiro, porque o subsídio de desemprego não é um favor, é um direito de quem descontou ao longo da vida. Alguém imagina que, tendo sempre pago o seguro automóvel, a seguradora lhe exija, num momento de fazer uso do seguro, que precisa de trabalhar três dias para ter o seguro a que.,.. tem direito? Acusar os empregados de não serem senão madraços, instalados no apoio do Estado, é pura expressão de racismo social, assente na mistificação que destrói os fundamentos do Estado social.
Depois, porque o RSI é a prestação mais vigiada do país. Os beneficiários são fiscalizados pelas comissões de acompanhamento, inseridos em programas de reinserção no mercado de trabalho e têm até as suas contas bancárias subtraídas ao regime sacrossanto do sigilo bancário.
Esta cruzada da Direita é hoje o maior dos desafios da nossa democracia. Por ele passa a definição de campos na política. Com toda a clareza. 
In Amar Abril

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