domingo, maio 09, 2010

A PASSIVIDADE DOS PORTUGUESES
Muitas vozes se vêm levantando relativamente à passividade com que o povo português está a encarar a presente crise em que o país está mergulhado. Dois textos abordam esta situação na edição do “Expresso” de 8 de Maio.
Com toda a razão, alguém escrevia, há pouco tempo que “a indiferença é um dos piores sintomas da nossa crise colectiva”. Não foi por acaso que aguentámos uma ditadura quase meio século sem que se lobrigasse durante todo esse tempo a mais leve esperança de um retorno à liberdade ou a melhoria das condições de vida da população portuguesa quando toda a Europa ocidental fervilhava de desenvolvimento.
Só uma reivindicação corporativa das Forças Armadas acabou por levar ao derrube do salazarismo porque, de outro modo, não se vislumbrava qualquer reacção colectiva que levasse o regime a promover mudanças significativas no sentido da democracia e do desenvolvimento.
O texto seguinte cita um especialista em movimentos de contestação social que culpa os sindicatos e os partidos pela falta de mobilização dos portugueses para a luta contra o desemprego, a precariedade laboral, os cortes nas prestações sociais, a corrupção entre muitas outras situações.
Não estou de acordo com esta interpretação dos factos já que, recentemente, um grupo profissional – os professores – sentindo-se vítima de tremendas injustiças, conseguiu arrastar os sindicatos para uma mobilização que não há memória em Portugal e não o contrário.
Por muito bons dirigentes que haja, se o povo não estiver mobilizado para a luta, é como estar a pregar no deserto. O impulso tem que vir de baixo.

In Amar Abril

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