domingo, maio 30, 2010

Direita "retirará o tapete" a Sócrates em 2011, diz Louçã

O dirigente bloquista acusa o PSD de fazer "jogo político" e diz que o “cinismo de provocar a crise política depois de criada a crise económica é profundamente prejudicial”.
Louçã criticou propostas neoliberais do PSD para a Constituição. 
Foto Paulete Matos
Louçã criticou propostas neoliberais do PSD para a Constituição. Foto Paulete Matos
Numa tertúlia organizada em Coimbra pelo semanário Campeão das Províncias, o coordenador da Comissão Política do Bloco acusou a actual direcção do PSD de estar agora a dar a mão ao governo para o fazer cair no próximo ano. “É uma estratégia, a meu ver, profundamente prejudicial em relação ao país, pela razão que está a fazer jogo político quando era preciso soluções e as soluções que apresenta são as que agravam a crise porque o acordo de Passos com Sócrates é de políticas recessivas”, sublinhou Louçã.
“O grande debate que há hoje na esquerda e no país inteiro é saber onde estão as soluções alternativas para qualificar o investimento público, para melhorar a criação de emprego e para termos prioridades”, acrescentou o dirigente do Bloco, para quem "o PS não tem sido uma solução alternativa e é por isso que, nas questões financeiras e económicas, se vira tão facilmente para compromissos à direita".
Louçã criticou ainda a proposta de revisão constitucional do PSD, que no seu entender se destina a “abrir portas a uma nova economia” neoliberal. “A ideia do cheque saúde ou cheque educação quer dizer que o Estado se desobriga de criar um serviço que garanta a prestação de um cuidado e, não estando a isso obrigado, vai financiar dificuldades dos colégios privados ou da saúde privada”, comentou o deputado bloquista.
“A minha leitura como economista é que há uma única razão para esta medida. É que a saúde e o ensino privado, salvo raríssimos pólos de exceção, são um fracasso económico em Portugal, não respondem às necessidades, não criam confiança e, portanto, não têm doentes, nem utentes, nem clientes”, acrescentou, lembrando que este modelo "não resultou em lado nenhum” e degradou os sistemas de ensino público.
Para Louçã, a proposta de revisão da Constituição nestes termos “é um subterfúgio para ganhar tempo, é um entretenimento da política orientada para generalizar as dificuldades económicas da população mais carenciada na saúde ou na educação, em vez de responder aos problemas imediatos que temos”.

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