É preciso mais coragem!
Notícia do DN, comentada por nós no final:
Educação. Grupo de 191 escolas mantém críticas mas pode pôr termo à luta
Directores ponderam preencher os objectivos individuais dos docentes
"Chega um momento em que não podemos fazer mais nada". É desta forma que Rosário Gama, presidente do conselho executivo da Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, comenta a possibilidade de um grupo de 191 escolas que se opõem ao actual modelo de avaliação vir a preencher os objectivos individuais dos professores que não os entregaram, para evitar que estes sejam penalizados pelo Ministério da Educação.
Esta alternativa- prevista na mais recente simplificação do processo aprovada pelo Governo - vai ser discutida amanhã, num encontro em Santarém, onde estas escolas "em luta" decidirão como reagir face aos indícios de que a adesão dos professores ao protesto terá ficado aquém das expectativas.
Numa altura em que já terminaram ou estão a terminar os prazos para a entrega dos objectivos individuais na maioria das escolas, ainda não há dados concretos. O Ministério disse que a "maioria" dos professores os entregaram. A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) promete divulgar hoje números que provarão que foram, ainda assim, muitos os que não o fizeram. Mas Rosário Gama não esconde a posição difícil em que se encontram actualmente as direcções escolares que apoiaram os protestos.
"Professores em conflito com si mesmos"
"Se ninguém tivesse entregue os objectivos, nem estaríamos a discutir esta possibilidade", disse, lembrando que na sua escola - a melhor pública segundo os rankings dos exames nacionais de 2008 - "ainda ninguém o fez". Porém, acrescentou, "houve muitas escolas em que os professores foram contra os compromissos que eles próprios tinham assumido. Há escolas onde 100% fizeram greve, 100% assinaram as moções [suspendendo a avaliação] e ainda assim estão a entregar objectivos", lamentou.
Rosário Gama não criticou os professores que recuaram, considerando que estes "neste momento, estão em conflito consigo mesmos. Havia contratados que tinham medo de não poderem voltar a concorrer, e professores que estão há muitos anos à espera de progredir". Mas reconheceu que se as escolas optarem por definir os objectivos "acabam" por esvaziar o significado do protesto de quem não os entregou.
Ainda assim, defendeu que o Ministério da Educação não ganhou o braço-de-ferro que se arrasta desde o último ano lectivo: "Perdeu as escolas", considerou. "E vamos ter uma avaliação, que deveria reflectir dois anos lectivos, a começar agora, abrangendo apenas um quarto do tempo previsto. Que credibilidade terá uma avaliação feita desta forma", questionou.
Comentário:
1) Esta notícia não nos merece crédito absoluto. A escolha dos títulos parece-nos viciada. Acreditamos que todas as opções ainda estão em aberto na reunião de amanhã.
2) Não é nada claro que a entrega dos objectivos individuais seja um passo legal e necessário para o processo de avaliação de desempenho (não consta no ECD). O governo sabe isso mas não diz. A razão é esta: politicamente, é muito importante para o governo que os professores entreguem os objectivos. É para ter uma vitória política que o governo quer que os professores entreguem os objectivos e não para fazer respeitar a lei.
3) Uma coisa sabemos com certeza absoluta: milhares de professores não entregaram os objectivos individuais. Ainda não sabemos se foram 10 mil, 30 mil ou 60 mil, mas sabemos que foram milhares.
4) Ou seja, milhares de professores resistiram às ameaças mentirosas do governo, enfrentando a arrogância e o autoritarismo. Esta atitude é um sinal político fortíssimo que os professores dão ao governo e à sociedade.
Assim, sugerimos aos PCEs que se vão reunir este sábado:
1) Que apoiem e valorizem os milhares de professores que resisitiram e resistirão, ao não entregarem os objectivos individuais.
2) Que rejeitem qualquer validade legal à figura dos Objectivos Individuais
3) Que rejeitem fixar Objectivos Individuais aos professores que não os entregaram, porque, tal como diz Rosário Gama, "acabam" por esvaziar o significado do protesto de quem não os entregou.
4) Que, nas suas escolas, considerem que os objectivos de cada professor são automaticamente os objectivos do projecto educativo da escola e/ou do Departamento respectivo. A esses objectivos colectivos todos os professores estão vinculados, tal como estiveram no passado, antes deste modelo de avaliação, e para isso não precisam de assinar nenhum papel nem de alguém que assine por eles.
MEP
Educação. Grupo de 191 escolas mantém críticas mas pode pôr termo à luta
Directores ponderam preencher os objectivos individuais dos docentes
"Chega um momento em que não podemos fazer mais nada". É desta forma que Rosário Gama, presidente do conselho executivo da Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, comenta a possibilidade de um grupo de 191 escolas que se opõem ao actual modelo de avaliação vir a preencher os objectivos individuais dos professores que não os entregaram, para evitar que estes sejam penalizados pelo Ministério da Educação.
Esta alternativa- prevista na mais recente simplificação do processo aprovada pelo Governo - vai ser discutida amanhã, num encontro em Santarém, onde estas escolas "em luta" decidirão como reagir face aos indícios de que a adesão dos professores ao protesto terá ficado aquém das expectativas.
Numa altura em que já terminaram ou estão a terminar os prazos para a entrega dos objectivos individuais na maioria das escolas, ainda não há dados concretos. O Ministério disse que a "maioria" dos professores os entregaram. A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) promete divulgar hoje números que provarão que foram, ainda assim, muitos os que não o fizeram. Mas Rosário Gama não esconde a posição difícil em que se encontram actualmente as direcções escolares que apoiaram os protestos.
"Professores em conflito com si mesmos"
"Se ninguém tivesse entregue os objectivos, nem estaríamos a discutir esta possibilidade", disse, lembrando que na sua escola - a melhor pública segundo os rankings dos exames nacionais de 2008 - "ainda ninguém o fez". Porém, acrescentou, "houve muitas escolas em que os professores foram contra os compromissos que eles próprios tinham assumido. Há escolas onde 100% fizeram greve, 100% assinaram as moções [suspendendo a avaliação] e ainda assim estão a entregar objectivos", lamentou.
Rosário Gama não criticou os professores que recuaram, considerando que estes "neste momento, estão em conflito consigo mesmos. Havia contratados que tinham medo de não poderem voltar a concorrer, e professores que estão há muitos anos à espera de progredir". Mas reconheceu que se as escolas optarem por definir os objectivos "acabam" por esvaziar o significado do protesto de quem não os entregou.
Ainda assim, defendeu que o Ministério da Educação não ganhou o braço-de-ferro que se arrasta desde o último ano lectivo: "Perdeu as escolas", considerou. "E vamos ter uma avaliação, que deveria reflectir dois anos lectivos, a começar agora, abrangendo apenas um quarto do tempo previsto. Que credibilidade terá uma avaliação feita desta forma", questionou.
Comentário:
1) Esta notícia não nos merece crédito absoluto. A escolha dos títulos parece-nos viciada. Acreditamos que todas as opções ainda estão em aberto na reunião de amanhã.
2) Não é nada claro que a entrega dos objectivos individuais seja um passo legal e necessário para o processo de avaliação de desempenho (não consta no ECD). O governo sabe isso mas não diz. A razão é esta: politicamente, é muito importante para o governo que os professores entreguem os objectivos. É para ter uma vitória política que o governo quer que os professores entreguem os objectivos e não para fazer respeitar a lei.
3) Uma coisa sabemos com certeza absoluta: milhares de professores não entregaram os objectivos individuais. Ainda não sabemos se foram 10 mil, 30 mil ou 60 mil, mas sabemos que foram milhares.
4) Ou seja, milhares de professores resistiram às ameaças mentirosas do governo, enfrentando a arrogância e o autoritarismo. Esta atitude é um sinal político fortíssimo que os professores dão ao governo e à sociedade.
Assim, sugerimos aos PCEs que se vão reunir este sábado:
1) Que apoiem e valorizem os milhares de professores que resisitiram e resistirão, ao não entregarem os objectivos individuais.
2) Que rejeitem qualquer validade legal à figura dos Objectivos Individuais
3) Que rejeitem fixar Objectivos Individuais aos professores que não os entregaram, porque, tal como diz Rosário Gama, "acabam" por esvaziar o significado do protesto de quem não os entregou.
4) Que, nas suas escolas, considerem que os objectivos de cada professor são automaticamente os objectivos do projecto educativo da escola e/ou do Departamento respectivo. A esses objectivos colectivos todos os professores estão vinculados, tal como estiveram no passado, antes deste modelo de avaliação, e para isso não precisam de assinar nenhum papel nem de alguém que assine por eles.
MEP
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