GAVE trata os professores como se fossem alunos. Sobre a inutilidade das provas de aferição
As provas de aferição têm mais desvantagens do que benefícios. Criam a ilusão nos pais de que se trata de verdadeiros exames e obrigam os professores a dedicarem as primeiras semanas de Maio a "ensinar para o exame", carregando os alunos com exercícios rotineiros de onde são expulsas a criatividade e a espontaneidade. O ME defende as provas de aferição com o argumento de que servem para fazer uma avaliação externa ao sistema, carreando informação útil para a introdução de melhorias. Ao longo dos últimos quatro anos, já vimos que as "melhorias" não passam, regra geral, de mais do mesmo: burocracia e desresponsabilização dos alunos pela sua própria aprendizagem. Sou sensível ao argumento da avaliação externa do sistema. Mas esse objectivo pode ser atingido aplicando as provas de aferição a uma amostra representativa de alunos. Ficaria mais barato e não sobrecarregaria os professores e as escolas da burocracia e perda de tempo inerentes à operacionalização das provas de aferição. Mas o mais ridículo é o manual de aplicação que o GAVE disponibiliza e obriga os professores a ler todos os anos. Reparem nos exemplos: "Leia em voz alta: 'Agora vou distribuir as provas. Deixem as provas com as capas para baixo'; 'Podem voltar as provas. Escrevam o vosso nome no espaço destinado ao nome'; 'Querem perguntar alguma coisa?'" "Desloque-se pela sala, com frequência", "Rubrique o enunciado no local reservado para o efeito".
"Leia em voz alta: 'Ainda têm 15 minutos'; 'Acabou o tempo'. 'Estejam à porta da sala às 11h e 20 minutos em ponto'. 'Podem sair'". "Leia em voz alta o seguinte: 'Agora vão iniciar a segunda parte da prova. Podem começar. Bom trabalho!'" "Recolha as provas e os rascunhos". "Mande sair os alunos, lendo em voz alta: 'Podem sair. Obrigado pela vossa colaboração!'"
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