quinta-feira, maio 07, 2009

O MAIOR FRACASSO DA DEMOCRACIA PORTUGUESA

Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo,
dizendo ter formação, que nunca adquiriram, que usem dinheiros públicos
(fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público
acrítico, burro e embrutecido.

Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, desde o 25 de Abril
distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de
gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a "prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar nos
roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais honesta que estes bandalhos.

Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO
PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos
políticos e pelo poder judicial. Agora contínua a ser o VERDADEIRO PODER
mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os
ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido. Para garantir que vai continuar burro o grande cavallia (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades.

Gente assim mal formada vai aceitar tudo e o país será o pátio de recreio dos mafiosos.

A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca.

Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito
maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com
isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do
encobrimento, do compadrio e da corrupção. Os portugueses, na sua infinita e
pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros. Por
uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.

> Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada
> acaba em Portugal, nada é levado às últimas Consequências, nada é
definitivo
> e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
>
> Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi
> crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso
Casa
> Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o
> que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos
crimes
> houve.
>
> Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de
> enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de apurar a
> verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma
> coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes
> são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.
>
> E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado
> de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos
computadores
> e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de
> notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a
> saber com toda a naturalidade.
>
> Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas
ao
> primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da
> Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica,
da
> corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a
> Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas
> tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém quem
> acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados,
> muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e
devidamente
> punidos?
>
> Vale e Azevedo pagou por todos?
>
> Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de Leonor
> Beleza com o vírus da sida?
>
> Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num
> parque aquático?
>
> Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos
crimes
> imputados ao padre Frederico?
>
> Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre
> Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?
>
> Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça
foi
> roubada do Instituto de Medicina Legal?
>
> Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e
> enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
>
> No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível,
alguém
> acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?
>
> As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da
> criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia
> espalha rumores e indícios que não têm substância.
>
> E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as
crianças
> desaparecida antes delas, quem as procurou?
>
> E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns
> menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu?
>
> Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
>
> E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela
> reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários,
> políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
>
> E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do
> grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?
>
> O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado
por
> causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
>
> E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado
> doentes por negligência? Exerce medicina?
>
> E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho
> branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda,
> coxa e marreca.
>
> Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são
> arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao
esquecimento.
>
>
> Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
>
> Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram
as
> redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de
> crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos
sobre
> meninas ficaram sempre na sombra.
>
> Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças , de
> protecções e lavagens , de corporações e famílias , de eminências e
> reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.
>
>
> Este é o maior fracasso da democracia portuguesa
>
> Clara Ferreira Alves - "Expresso"

1 comentários:

Humberto Coelho disse...

Inventam artigos e não pedem desculpas aos visados, quer ao Dr Mário Soares, quer à autora que - sabe-se lá com que interesses - inventaram à pressão???

Onde está a responsabilidade Democrática desta gente??