A LUTA CONTRA AS PORTAGENS NA A22
Começou quase 'na clandestinidade', foi ganhando  adeptos e ontem o movimento de combate às portagens na Via do Infante  viu finalmente a luz do dia. 
Para já, um grupo de sete pessoas constituiu-se como  representante do 'coro' de protestos, e embora sejam apologistas do  diálogo, não excluem outras formas de luta lá mais para a frente. por  enquanto ainda de forma virtual, sobretudo nas redes sociais. Comissão é  de carne e osso e promete passar à ação, mas ainda sem data marcada. 
"Em primeiro lugar, vamos pedir reuniões com o Governo,  as forças políticas da região e as associações empresariais. Depois,  marcaremos uma nova reunião para dar conta das iniciativas futuras",  declarou João Vasconcelos, um dos mentores do grupo. 
Vasconcelos, que é também coordenador regional do Bloco  de Esquerda, garante que o movimento é totalmente apartidário e convoca  outras estruturas regionais a aderirem a uma causa que é de todos,  algarvios e não só. "Não pretendemos partidarizar este movimento, que  está aberto a todos. A nossa ideia é transversal, atrair independentes e  outras associações, de empresários e de comerciantes, esse é o passo  seguinte", afirma o responsável. 
"Pretendemos também reunir com outras associações de  utentes, a nível nacional, para poder aprender e evitar cometer alguns  erros", acrescenta José Domingos, outro dos representantes da Comissão. 
Espanhóis poderão juntar-se à causa
Domingos, dono de uma empresa de jardinagem, utiliza a  Via do Infante numa base diária, como forma de ligação entre os vários  concelhos onde tem negócios. A estrada, diz, é uma espécie de espinha  dorsal da região, e não se pense que as portagens vão afetar só os  portugueses, avisa. 
"Tenho muitas pessoas espanholas que costumam vir a Portugal e gastam cá  dinheiro, que agora ponderam deixar de vir. Para além do mais, do lado  de lá é quase tudo gratuito, podemos ir à borla até Madrid", afirma ao  Expresso. "Penso que vamos também conseguir reunir apoios do lado  espanhol", admite.Talvez porque considere que a Via do Infante nem  sequer tem condições de autoestrada, apontando defeitos à má qualidade  do piso, José tem esperança de que o Governo venha ainda a dar o dito  por não dito. "Não seria a primeira vez que o faria. É  preciso irmos à luta e fazer pressão, porque eu acredito que é possível  não virem a existir portagens na Via do Infante", afirma José  Domingos.  
"A crise não justifica tudo, só vai trazer mais crise"
Como argumentos, os representantes da Comissão  Anti-Portagens na Via do Infante (cuja página do Facebook pode ver aqui)  apontam o financiamento comunitário de mais de metade da estrada, à  época da construção, a falta de uma rede de transportes regional decente  na região, a elevada mobilidade das pessoas no Algarve e a crise social  e económica (o Algarve tem a maior taxa de desemprego do país) que será  ainda mais agravada com esta medida. 
"Sinto que estamos a voltar ao passado. Assisti a  muitas mortes na EN 125, a muitos engarrafamentos, e estou revoltado com  esta decisão do Governo e é por isso que estou aqui hoje a aderir a  este movimento", declarou aos jornalistas. 
Para já, para além do agendamento das reuniões com os  responsáveis políticos e de outras associações, a Comissão de Utentes da  Via do Infante promete criar um sítio na Internet e convidar as  associações humanitárias de bombeiros que transportam doentes na Via  Infante e os taxistas para integrarem a comissão. 
"A crise não pode justificar tudo. Se introduzirem as  portagens no Algarve é uma injustiça quando comparado com outras regiões  e só vai provocar ainda mais crise no tecido social", conclui João  Vasconcelos.
In Expresso 
 
 

0 comentários:
Enviar um comentário