quarta-feira, setembro 15, 2010

Protesto de estudantes cala Sócrates e Mariano Gago

O primeiro-ministro e o ministro do Ensino Superior foram surpreendidos, esta terça-feira, com uma acção de protesto de estudantes da Academia do Porto, na cerimónia de abertura do ano lectivo do Ensino Superior Politécnico.
Protesto de estudantes cala Sócrates e Mariano Gago
"Não há cerimónias enquanto este for o terceiro país da Europa com a propina mais elevada", disseram os estudantes no comunicado lido em voz alta.
Depois da actuação de um grupo de estudantes da escola Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo (ESMAE), três estudantes entraram inesperadamente no palco do auditório do Instituto Superior de Engenharia do Porto entregando uma “medalha por fazer com que Portugal seja o país da Europa onde as famílias mais gastam com educação” ao ministro Mariano Gago, que a recebeu em mãos, estupefacto.
De regresso ao palco, um estudante leu um comunicado em voz alta - ver vídeo -distribuído depois entre os presentes, expressando um protesto contra o aumento das propinas, os empréstimos bancários para a frequência do Ensino Superior e carências a nível da acção social escolar.
Perante um auditório cheio, o estudante lia o protesto: “nós estudantes da Academia do Porto, em protesto nesta cerimónia oficial dizemos: não há cerimónias porque nos últimos 15 anos as propinas aumentaram 400 por cento em Portugal”.
“Não há cerimónias quando a resposta a um pedido de bolsa demora em média quarto meses”, ou “enquanto a maioria dos 70 mil bolseiros em Portugal receber de bolsa mínima apenas 100 euros por mês”, disseram os estudantes, sublinhando também que “não há cerimónias porque 11 mil estudantes devem 130 milhões de euros à banca, quando ainda não trabalham, e não têm nenhuma garantia em relação ao seu trabalho futuro”.
Depois de lerem as doze frases de protesto, os estudantes gritaram “acção social não existe em Portugal” e no auditório exibiram ainda uma faixa em que se lia “Gago quanto pagaste de propinas?” Um dos estudantes chegou mesmo a dizer ao ministro: “Pagaste 6 (€), eu agora pago 1000!”.
Um membro do ISEP ainda tentou retirar os estudantes do palco, mas desistiu, deixando o protesto decorrer até ao fim. O grupo acabou por abandonar o local no final da intervenção da presidente do instituto, Maria do Rosário Gamboa, tornando a gritar “acção social não existe em Portugal”.
Durante o protesto o primeiro ministro manteve-se sentado na primeira fila do auditório.
Candidatura a novas bolsas de acção social escolar estão “paradas”
Nuno Moniz, um dos estudantes envolvidos na manifestação, disse ao Jornal de Notícias que "o início do ano escolar é a altura ideal para dizer não à política governamental", precisando que uma das causas principais do protesto radica no "congelamento do processo de atribuição de bolsas de estudo aos alunos do 1.º ano alegadamente por os critérios de atribuição ainda não terem sido definidos".
Esta situação é confirmada e denunciada pelas associações de estudantes das principais universidades portuguesas que garantem que os processos de candidatura a novas bolsas de acção social escolar estão, de momento, “paradas”.
O deputado do Bloco de Esquerda José Soeiro já questionou o ministro Mariano Gago, perguntando por que razão não foram ainda publicadas as Normas Técnicas do Regulamento de atribuição de bolsas aos estudantes do Ensino Superior e até quando vai ser suspensa a possibilidade de os estudantes se candidatarem às bolsas.

Esquerda.net




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