Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa (19 de Junho, às 17h. no Jardim do Príncipe Real)
Manifesto da 11ª Marcha do Orgulho de Lisboa 2010
Todos os anos, ao longo do mês de Junho, muitas cidades do mundo organizam eventos que celebram o Orgulho LGBT, entre os quais uma marcha, chamada Marcha do Orgulho. Portugal teve a sua primeira Marcha do Orgulho LGBT em Lisboa no ano de 2000, decorrendo em 2010 a sua 11ª edição. Este ano, a sua comissão organizadora integrou 18 associações, sinal inequívoco do seu crescimento.
Os seus objectivos são vários:
- Assinalar o dia 28 de Junho de 1969, pois foi nessa data que, na cidade de Nova Iorque (EUA), no bar Stonewall Inn, homossexuais e transsexuais resistiram, pela primeira vez na História, às habituais rusgas policiais, à discriminação e à violência. A data de 28 de Junho é, por isso, fundamental para o movimento de defesa dos direitos das pessoas LGBT, sendo marcada por diversas Marchas e Prides a nível mundial desde então.
- Ocupar o espaço público com a diversidade de identidades de género e de orientações sexuais que nos caracteriza enquanto seres humanos porque, felizmente, somos todos/as muito diferentes entre nós e as identidades, as relações humanas e os afectos não obedecem a regras alheias, arbitrárias e injustas.
- Contrapor à vergonha que muitos/as querem impor às pessoas LGBT o Orgulho, pois só assim é possível resistir a séculos de opressão e discriminação e lutar por sociedades mais livres, mais iguais, em que a nossa diversidade seja respeitada e valorizada.
- Celebrar o recente direito adquirido de igualdade no acesso ao casamento civil, tudo o que já foi conseguido e continuar a mobilizar-nos para que mais seja possível alcançar, até chegarmos a uma cidadania plena. A mudança não acontece sozinha, por si, com o tempo. Os avanços legais, sociais e culturais que conseguimos deveram-se sobretudo à mobilização colectiva, à denúncia e à participação.
- Recordar que, no Portugal de 2010, há ainda muito caminho a percorrer na luta contra a discriminação com base na orientação sexual e na identidade de género. A lei perpetua a exclusão de casais de pessoas do mesmo sexo no que se refere à adopção e tarda em reconhecer formas de coparentalidade. Portugal nega às muitas crianças geradas e/ou criadas por gays e lésbicas o reconhecimento das suas famílias. Mulheres solteiras e mulheres lésbicas estão impedidas de aceder a técnicas de procriação medicamente assistida. Permanece ausente uma lei de identidade de género que proteja pessoas transgénero e transsexuais. Uma efectiva mudança social e cultural resta ainda por fazer.
- Promover e respeitar a diversidade sexual como valor humano porque boatos, anedotas, mexericos e controlo social continuam a contrariar o direito à felicidade de todas/os. A violência psicológica e física exercida sobre pessoas LGBT é uma realidade, como o demonstram os casos de bullying nas escolas ou os ataques e assaltos em vários pontos do país.
- Denunciar o facto de, pelo mundo fora, existirem sete países em que a homossexualidade é punida com pena capital e que em 93 outros qualquer pessoa pode ser julgada e punida com multa ou prisão por ser lésbica, gay, bissexual ou transgénero.
Saímos à Rua porque muitos/as de nós, amigos/as, colegas, familiares, pessoas ao nosso lado, vivem a discriminação todos os dias, mesmo que num silêncio imposto pelo medo, pela solidão ou pela vergonha. Por isso, importa denunciar, olhar nos olhos, ocupar o espaço. Fazemos da nossa cidadania uma bandeira contra a homofobia, a lesbofobia, a bifobia e a transfobia.
Por nós, por todas/os!
O percurso será:
01) Pç. do Príncipe Real - troço a partir do ISCEM (entroncamento com a Cc Patriarcal)
02) R. D. Pedro V
03) R. S. Pedro de Alcântara
04) R. da Misericórdia
05) Lg. do Chiado
06) R. Garrett
07) R. do Carmo
08) Pç. D. Pedro IV (Rossio) - troço entre a R. do Carmo e a R. da Betesga
09) R. da Betesga
10) Pç. da Figueira (atravessada na diagonal entre a R. da Betesga e a R. D. Duarte)
11) R. da Palma (troço do Hotel Mundial)
Chegada à Pç. Martim Moniz e concentração
Pimenta Negra
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