FRANCISCO LOUÇÃ NO ALGARVE
Realizou-se no dia 25 de Julho, em Armação de Pêra, o primeiro dos quatro comícios que o Bloco de Esquerda vai levar a efeito este verão no Algarve. Na magnífica Fortaleza desta localidade e numa noite cálida estiveram cerca de mil pessoas que não arredaram pé para ouvir Francisco Louçã e também Carlos Cabrita.
Iniciou a sessão o camarada David Lamy, de Armação de Pêra, que apresentou os dois oradores seguintes: Carlos Cabrita da concelhia de Silves e do secretariado Regional do BE e o deputado Francisco Louçã.
Carlos Cabrita começou por chamar a atenção para a crise económica regional (com sério risco de agravamento) motivada pela excessiva dependência das actividades turística e imobiliária. Deu como exemplo, o mercado local de produtores agrícolas de Armação onde se podem encontrar bons produtos e frescos, bastante procurado pelos consumidores mas que funciona em condições rudimentares e sem apoios para a sua preservação e melhoria. Também a comunidade piscatória local não está melhor e pode extinguir-se a breve prazo e os sectores tradicionais carecem de mais apoio para que as actividades se diversifiquem.
As autarquias não apoiam ou apoiam muito timidamente outras actividades, mas apoiam a imobiliária e o turismo. Favorecem alterações de PDM e usam outros expedientes para contornar a legislação existente em prol de mais construção. O Governo favorece preferencialmente esta actividade, nomeadamente com os chamados PIN. As 24 000 camas previstas no PROT que agora entrou em vigor, serão atingidas rapidamente, com estes expedientes. A região precisa é de uma MORATÓRIA a mais camas turísticas para a própria sobrevivência económica do sector na região e para a preservação do ambiente e da paisagem.
Frisou ainda que Silves, por exemplo, tem actualmente 40% das suas receitas camarárias, directa ou indirectamente dependentes da actividade imobiliária (IMI, IMT, taxas e licenças). O Governo Sócrates que prometeu acabar com estas dependências autárquicas nada mudou, com a recente alteração à lei das finanças locais.
Para terminar, Carlos Cabrita denunciou o laxismo da administração local e central que fazem com que o Plano de Pormenor de Armação de Pêra ainda não esteja em vigor. Este foi iniciado em 1999, após a visita do ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, à Vila de Armação de Pêra em que chamou à atenção para o caos urbanístico existente. Em 2002 tinha a sua parte técnica concluída. Daí para cá marca passo nos corredores da administração vá lá saber-se porquê? Que interesses fazem com que isto ocorra ou que peias burocráticas o permitem?
Francisco Louçã na sua intervenção focou aspectos da realidade política do Algarve e da política nacional. Referiu-se à difícil situação que as famílias, que os cidadãos, que os trabalhadores atravessam na região e por todo o país. Focou os pescadores e os trabalhadores agrícolas que trabalharam toda uma vida inteira e que hoje dispõem de pensões de miséria. Aqueles no momento em que mais precisam são precisamente os mais mal tratados, como por exemplo nos cuidados de saúde, dando como exemplo o caos que se passa nas urgências do Hospital de Faro – quando visitou o Hospital constatou a existência de dezenas de doentes, aqueles que mais precisam, deitados em macas espalhadas pelos corredores do Hospital. Tudo isto tem a ver com a degradação do Serviço Nacional de Saúde da responsabilidade dos governos de direita PSD/PP e prosseguida e até agravada pelo governo Sócrates/PS.
Louçã falou da existência de dois países diferentes – de um lado o país do trabalho, do labor, da responsabilidade, da justiça e do respeito (deu como exemplo a manifestação nacional de 100 mil professores que exigiam a palavra “respeito”) e que é a maioria deste país. Do outro lado temos o país da facilidade, da pouca vergonha, do abuso, da mentira, daqueles que fazem negócios fáceis, como o que se passa no BCP e do Relatório do SNS relativo à gestão dos Hospitais Empresas e que havia administradores a ganhar 300 mil euros por mês, durante 14 meses imagine-se, fora os prémios e outras regalias. Um desses administradores chegou mesmo a duplicar os vencimentos ao nomear-se assessor dele próprio – tudo com a conivência dos governos do país.
Louçã concluiu que é possível vencer o abuso, a injustiça, o mundo da facilidade. É isso que o Bloco de Esquerda, uma força popular e socialista procura fazer – engrossando a corrente popular por este país fora e criar uma política alternativa com eleitores de outros partidos, nomeadamente com muitos milhares de pessoas que já votaram no Partido Socialista e que hoje não se revêem nas políticas deste partido.
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