terça-feira, julho 15, 2008

O CCAP sugere mais padrões, mais grelhas e relatórios


Museu Nacional Ferroviário - Foto de João Alfaro
Nesse caso, a partir do ano escolar de 2009-2010, seria de equacionar a possibilidade de definir um conjunto de padrões nacionais, fundados na investigação, no debate alargado e no resultado das práticas desenvolvidas nas escolas. De salientar que a definição de padrões nacionais não dispensará, antes exigirá, o princípio da autonomia das escolas, uma vez que a sua integração necessita de ter em conta os contextos em que cada uma desenvolve o seu trabalho.

In Recomendações do CCAP nº 3 - Princípios Orientadores para a Definição de Padrões Relativos às Menções Qualitativas


Comentário

Padrões, padrões e mais padrões. Quando juntam ex-professores ou professores a quem foi retirada há muito a componente lectiva acontecem duas coisas: um corte com a realidade e exigência de prestação de contas aos produtores. Os ex-professores, alcandorados nos órgãos de controlo burocrático, ficam ébrios de poder e vai daí, com receio de verem as suas funções injustificadas, exigem aos produtores relatórios atrás de relatórios e põem-se a fabricar grelhas e padrões para mostrar aos decisores políticos que têm muito trabalho a fazer e que o exercício das suas funções é imprescindível ao sistema e ao aparelho. Só assim se compreende esta ânsia de padronizar e uniformizar. Agora deu-lhes para exigirem padrões nacionais. E o que são os padrões nacionais? Serão mais uma gaiola, uma espartilho que reduzirá a nada a liberdade pedagógica, a criatividade do acto de ensinar e a espontaneidade da relação pedagógica. Se não forem travados, eles constituir-se-ão em mais uma estrutura do poder tecnoburocrático capaz de agrilhoar um pouco mais os professores e de lhes infernizar a vida. Porque, no fundo, é para isso que serve o modelo burocrático de avaliação de desempenho: infernizar a vida aos produtores. Aos rebeldes e insubmissos, levá-los a desistir por abandono da profissão ou reforma antecipada. Aos mais novos, amestrá-los desde o início. Aos adesivos, acenar-lhes com algumas migalhas de poder. Para que esse aceno tenha credibilidade, é necessário ir aumentando e alargando as estruturas do poder tecnoburocrático. Todo o adesivo aspira a ascender a um lugar desses. Dessa forma, o adesivo liberta-se das grilhetas que amordaçam os produtores - que é como quem diz, liberta-se da componente lectiva - e torna-se ele próprio um membro da nomenklatura opressora.
In ProfAvaliação

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