terça-feira, julho 15, 2008

O CCAP acredita que a avaliação do desempenho avalia o profisional e não a pessoa. Não será isto música para adormecer?

2. Objectividade e isenção na apreciação do desempenho
A avaliação final por parte do avaliador deverá basear-se em evidências, fundamentadas de forma clara, concreta e inequívoca e distinguir que o objecto da avaliação é o desempenho profissional e não a pessoa.



Comentário

"Distinguir que o objecto da avaliação é o desempeho do profissional e não a pessoa", diz o CCAP. Estaremos perante um sintoma bipolar? Ou apenas a expressão de um corte com a realidade? Como é que é possível distinguir o profissional da pessoa? O profissional não habita na pessoa? O professor é, em todas as situações, uma pessoa. Qualquer avaliação de desempenho que se faça sobre o exercício das funções da pessoa chamada Manuela ou Vítor contém um juizo de valor sobre a pessoa: um juízo de valor que terá implicações profundas na vida da pessoa. Por exemplo: o docente que for classificado com a menção de Irregular será uma pessoa que corre um risco tremendo de perder o emprego. E isso tem um significado dramático para a pessoa: a pessoa pode perder a casa, pode perder os filhos, pode ficar sem meios para sobreviver e pode mesmo morrer de uma doença que não foi tratada por falta de recursos financeiros. Como é que se pode dizer que o resultado da avaliação de desempenho incide apenas sobre o profisisonal e não sobre a pessoa?

Com este tipo de discurso apaziguador - uma retórica suporífera - o CCAP revela-se como mais um aparelho ideológico do Estado: um aparelho que produz ideologia para legitimar o status quo que, no caso da avaliação de desempenho dos professores, se insere na actual onda uniformizadora e globalista que está a cobrir de cinzento, precaridade e incerteza as vidas dos trabalhadores da União Europeia. Veja-se a este propósito as constantes referências aos padrões europeus e aos resultados dos estudos internacionais.
In ProfAvaliação

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