Bloco acusa governo de "entrar em euforia com a subida de umas décimas do PIB"

O Bloco de Esquerda acusou o governo de "entrar em euforia com a subida de umas décimas do PIB" e referiu que a diminuição da taxa de desemprego divulgada hoje pelo INE "tem uma marca de precariedade".

"O governo espanhol anunciou 24 medidas para combater a crise. Em contrapartida, o Ministro das Finanças entra em euforia com a subida de umas décimas do PIB", afirmou em declarações à Lusa, o representante da comissão política do Bloco, Pedro Soares.

"Penso que o governo deve manter muita atenção e uma grande preocupação sobre este assunto", continuou, aludindo aos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, que dão conta de um crescimento do PIB de 0,4 por cento no segundo trimestre deste ano.

"Este ciclo económico de quase estagnação mostra que o governo tem de ter muita atenção na elaboração do próximo Orçamento de Estado", referiu Pedro Soares.

Sobre a diminuição da taxa de desemprego, que baixou 0,6 pontos percentuais no segundo trimestre, em relação a igual período de 2007, o representante do Bloco de Esquerda salientou que "o decréscimo tem uma marca de precariedade bastante elevada".

Questionado pela Lusa sobre os dados do INE que revelam um crescimento [de 0,4 por cento] superior à média da Zona Euro, Pedro Soares preferiu esperar "pelo resultado no final do ano", avisando que "é muito cedo para entrar em euforia, como já entraram alguns membros do governo".

A economia portuguesa melhorou no segundo trimestre e cresceu 0,4 por cento, face ao trimestre anterior, escapando à recessão, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística hoje divulgados.

A estimativa rápida do INE, que não apresenta valores para as várias componentes do PIB mas apenas para o crescimento do PIB, mostra que essa subida de 0,4 por cento se segue a uma queda de 0,1 por cento no primeiro trimestre do ano (valor hoje revisto em alta dos anteriores menos 0,2 por cento).

Em termos homólogos, ou seja, comparando com igual trimestre do ano anterior, a economia portuguesa cresceu 0,9 por cento, mantendo o mesmo ritmo do primeiro trimestre.

Esse ritmo é o mais baixo desde o segundo trimestre de 2006. Os dados sobre o desemprego divulgados hoje pelo INE revelam que a taxa de desemprego em Portugal baixou 0,6 pontos percentuais no segundo trimestre, em relação a igual período de 2007, para 7,3 por cento. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, no período, a população desempregada caiu 6,9 por cento para 409,9 mil indivíduos.

O número de empregados, por sua vez, aumentou 1,4 por cento quando comparado com o mesmo trimestre do ano passado e 0,7 por cento relativamente ao trimestre anterior. Segundo os dados do INE e comparando com os três primeiros meses do ano, verifica-se que, de Abril a Junho, a taxa de desemprego recuou 0,3 pontos percentuais e a população desempregada estimada baixou 4,0 por cento. Os resultados do inquérito ao emprego relativos ao segundo trimestre de 2008 indicam que a população activa em Portugal aumentou 0,8 por cento (abrangendo 42,8 mil indivíduos), face a igual período do ano passado e 0,4 por cento, em relação ao trimestre anterior.
In Público