sábado, agosto 16, 2008

Relançando o debate sobre a avaliação de desempenho quando faltam duas semanas para ela regressar em força


Nos últimos três dias, o debate sobre os malefícios, incongruências, erros e injustiças da avaliação burocrática do desempenho foi crescendo graças aos comentários, emails e posts que fui recebendo e publicando. Gostava que o ProfAvaliação fosse cada vez mais um fórum de debate sobre a magna questão da avaliação de desempenho porque ela terá um peso na vida das escolas e dos professores, durante o próximo ano lectivo, maior do que qualquer outra questão educativa. Para que o debate nasça e possa florescer é preciso que o editor do blog faça pausas na publicação dos seus argumentos. É por isso que puxei alguns comentários mais suculentos, dando-lhes a dignidade de posts, acrescidos de algumas explicitações. Continuarei a fazer isso hoje na esperança de que os colegas queiram ocupar a centralidade do debate. As grandes linhas de orientação poderão ser estas:

1. A avaliação feita por pares introduz enormes injustiças, subjectividades e parcialidades no processo de avaliação, sobretudo nos 2º e 3º CEB e no ensino secundário, onde a diversidade de formação científica é muito grande.

2. Obrigar os professores a serem avaliados nas suas competências científicas, ainda por cima de dois em dois anos, é passar um atestado de incompetência às Universidades e Institutos Politécnicos onde eles fizeram as licenciaturas, mestrados e doutoramentos.

3. A periodicidade da avaliação (de dois em dois anos) é um completo disparate e não traz quaisquer vantagens. Obriga os directores e coordenadores de departamento a concentrarem as suas energias e tempo numa matéria secundária, a avaliação dos colegas, impedindo-os de centrarem o seu desempenho na coordenação pedagógica e curricular.

4. Condicionar a avaliação de desempenho dos professores às taxas de abandono e de insucesso escolar é ignorar os factores económicos e sociais na construção do insucesso e coloca uma pressão inaceitável dos alunos e dos pais sobre os professores.

5. A anunciada medida de introduzir pontuação acrescida à classificação profissional dos professores por via da obtenção das menções de Muito Bom e de Excelente é injusta e inaceitável porque estimula as guerras pessoais dentro da escola e agrava o mal-estar na comunidade educativa.
6. A imposição de um conjunto de fichas de avaliação que obrigam ao preenchimento de um número exagerado de itens, sujeitos a parâmetros e critérios que espartilham, dividem e subvertem a relação pedagógica e o acto educativo, constitui um colete de forças inapropriado para medir o desempenho pedagógico, científico e relacional do professor, pelo que essas fichas têm de ser substituídas por procedimentos mais simples, menos time-consuming e mais centrados na sala de aula e no acto de ensinar.
ProfAvaliação

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