Concentração de Mariscadores

na Zambujeira do Mar

Teve lugar no Sábado à tarde, dia 9 de Agosto, uma concentração de algumas centenas de mariscadores lúdicos na Zambujeira do Mar (Odemira), provenientes de várias localidades do Alentejo e Algarve. Aproveitando a presença de muita gente devido ao Festival do Sudoeste, estes mariscadores, muitos deles trajando de negro, com bandeiras negras e ostentando utensílios como o camaroeiro e a ardilhada, protestavam contra a Portaria 868/2006, que só lhes permite a apanha diária de meio quilo de percebes e sem recurso aos respectivos utensílios. Não concordam também com a alteração da Portaria permitindo apenas a apanha de um quilo por pessoa, o que deixaria tudo na mesma.

Esta Portaria é bastante lesiva para as populações costeiras e só tem contribuído para o agravamento do desespero e das suas dificuldades. Além disso, os mariscadores lúdicos têm sido alvo de coimas pesadíssimas que oscilam entre os 250 e os 2 493 euros, o que é inaceitável, significando uma autêntica tragédia sobre famílias já de si com parcos rendimentos.

Para os mariscadores, a proposta do governo só vai dividir as populações da Costa Vicentina e do Sudoeste Alentejano (grande parte da área situa-se no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina), podendo levar a diversos conflitos entre si. Defendem a preservação das espécies, mas ao serviço das populações e da economia familiar e local e que todos sejam tratados em pé de igualdade.

No caso dos percebes defendem que pelo menos cada mariscador possa capturar dois quilos diários, e no caso do mexilhão, ostras e ouriços consideram insuficiente a mudança dos actuais dois para três quilos quilos e avançam com a proposta de dez quilos. Também deverão ter direito a utilizar diversos instrumentos para a apanha dos bivalves, e não com a mão, como são obrigados actualmente.

Segundo foi afirmado por alguns dos presentes, a concentração só não teve uma maior amplitude porque houve uma nítida tentativa de desmobilização por parte de elementos afectos ao governo, dizendo que iria ocorrer uma carga repressiva das autoridades contra os mariscadores. Trata-se de uma atitude provocatória e que foi reprovada veementemente.

Esta concentração de protesto contou com o apoio e a presença solidária de alguns representantes das forças políticas, sendo de destacar Alberto Matos, da Comissão Distrital de Beja do Bloco de Esquerda, de João Vasconcelos, da Comissão Distrital de Faro e membro da Assembleia Metropolitana do Algarve e de Simeão Quedas, da Concelhia de Portimão, também do Bloco de Esquerda. Estes elementos conversaram longamente com os mariscadores lúdicos e os seus representantes, inteirando-se dos seus problemas e comprometeram-se, caso a situação não seja resolvida atempada e a contento daqueles, a apresentar as suas reivindicações tanto na Assembleia da República, como na Assembleia Metropolitana do Algarve.