sexta-feira, agosto 08, 2008

Há alternativa à avaliação burocrática do desempenho

O blog educacaosa publicou um interessante post sobre a questão. Não só faz a crítica à minha proposta, como apresenta uma solução que me parece equilibrada e coerente. A parte mais interessante da solução apresentada pelo Reitor é a que diz respeito à assistência às aulas:

1 – A assistência às aulas só tem sentido em duas situações raras: a) para se avaliar se um professor excede a mediania. Ou seja, para sustentar classificações superiores a Bom e: b) para fundamentar classificações inferiores a Bom.

2 – Daqui resulta que a assistência a aulas não deveria ser um item ordinário de avaliação, mas sim pontual e extraordinário, requerida pelo docente que pretende obter classificação superior a Bom ou ordenada pelo Director, no caso de se antecipar classificação inferior ou superior a BOM.

3 – Por conseguinte e do meu ponto de vista, a assistência às aulas, quando necessária, deveria ser da responsabilidade conjunta do Director, do Coordenador e de um outro especialista na área do docente.

Defendi uma proposta muito semelhante no post "sugestões para para uma proposta de avaliação de desempenho justa e equilibrada" . Faz sentido que a assistência às aulas só se faça a pedido do avaliado ou quando o director antecipa classificação inferior ou superior a Bom.

Para se perceber as diferenças de fundo entre a minha proposta e a solução apresentada pelo Reitor, convém ler o que escrevi no post:

A minha proposta vai no sentido de a avaliação de desempenho do professor ser feita no quadro da avaliação externa da escola. Essa avaliação externa seria feita, não apenas por inspectores, mas por um painel de personalidades formado por um inspector e mais duas personalidades exteriores à escola, designadas pelo ME, após consulta ao Conselho Pedagógico da escola. Ou seja, o painel de 3 personalidades exteriores à escola seria designado pelo ME mas teria de ter o parecer favorável do CP. No caso de rejeição de parecer favorável do CP, o ME teria de designar outras personalidades que, nesse caso, não careceriam de parecer favorável do CP. O painel de avaliadores não condicionaria a avaliação de desempenho dos professores da escola à taxa de sucesso escolar nem à taxa de abandono, mas apenas ao nível de cumprimentos de objectivos nas áreas lectivas, fora da sala de aula, relações com os pais e a restante comunidade educativa e ao plano de formação contínua. A componente lectiva (sala de aula) teria um peso de 50%, a componente não lectiva (incluindo a relação com os pais e a comunidade educativa) 25% e o plano de formação contínua teria um peso de 25%. A avaliação externa da escola seria feita de quatro em quatro anos. O professor seria avaliado, no contexto da avaliação externa da escola, mediante a entrega de um portefólio que seria lido e analisado pelo painel. O painel deveria ouvir os coordenadores de departamento, o PCE (ou director), os representantes dos pais e os membros do CP. Nos casos em que o painel tivesse intenção de dar uma classificação inferior ou superior a Bom, o avaliado teria de se sujeitar à observação de aulas.

A principal discordância que eu tenho face à proposta do Reitor é a crença deste na possibilidade de o director da escola fazer uma avaliação justa, equilibrada e não burocrática. O novo modelo de gestão escolar introduz uma maior politização e partidarização na vida das escolas. Muito do que se vai passar nas escolas irá decidir-se nas sedes locais dos partidos com posição dominante na autarquia. Atendendo ao elevado nível de corrupção e à falta de cultura democrática na política autárquica, receio que a proposta do Reitor, a ser seguida, venha a criar ambientes escolares marcados pela perseguição política, nepotismo, injustiça e corrupção. É essa a principal razão que me leva a defender a integração da avaliação de desempenho no processo de avaliação externa das escolas.
Quer participar neste debate? Qual é a sua opinião? Setembro é ja daqui a 3 semanas e a avaliação burocrática de desempenho vai entrar pela sua escola como um elefante numa loja de porcelanas. É necessário ir preparando alternativas.
ProfAvaliação

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