sábado, novembro 08, 2008

Amanhã, o país estará a olhar para nós. Não fiques em casa. Lisboa espera por nós e até S. Pedro está connosco!

Depois da divisão, da diferença de datas entre 8 e 15 de Novembro, os professores regressam em força à Baixa lisboeta neste sábado. A Plataforma Sindical diz que é possível juntar mais do que os cem mil que se reuniram na capital a 8 de Março, apelidando a manifestação de «gigantesca». Resta saber se isso vai mesmo acontecer, sabendo-se que vão viajar docentes de todo o país, tendo como argumento fundamental a contestação ao processo de avaliação.

O tempo vai estar propício: céu pouco nublado, vento fraco, 18 graus às 14h30, quando se iniciar a concentração no Terreiro do Paço. Desta vez, o trajecto vai ser o inverso, com final previsto para o Marquês de Pombal, pelas 17h30 (normalmente atrasa-se), para a aprovação da resolução da Manifestação.
Muito mudou desde a marcha da indignação, em Março, com os professores a não esconderem o descontentamento e muitos deles a pedirem a reforma antecipada. A escola mudou, resta saber se vai continuar na mesma após a manifestação deste sábado.
Para o ex-ministro da Educação, David Justino, é tempo de baixar as armas e deixar os professores trabalhar. «O clima de crispação prejudica as escolas. A educação precisa de calma, estabilidade e espírito de cooperação. Estou preocupado e tenho vontade que as pessoas possam resolver os problemas», disse ao PortugalDiário na qualidade de cidadão preocupado, acrescentando à TSF: «Enquanto transformarmos a educação num campo de batalha é difícil encontrar soluções e um rumo que possa unir as pessoas para uma educação de excelência».
Movimento de resistência
As escolas decidiram agir e muitas são as que se juntaram ao movimento de resistência ao novo modelo de avaliação dos docentes. As queixas de falta de tempo para os alunos são constantes, a burocracia aumenta, os docentes vêm-se forçados a trabalhar horas-extra, em casa, e não é a preparar aulas, antes a preencher documentos, papéis. Os professores estão cansados e por isso vão manifestar-se.
A tutela já garantiu que o processo não será suspenso, nem simplificado, como aconteceu em 2007/08, e a ministra da Educação já deixou mesmo um aviso. «Não há nenhuma razão para voltarmos atrás no que quer que seja», disse Maria de Lurdes Rodrigues ao Diário Económico, acrescentando: «Os sindicatos têm uma visão alarmista que procura criar ruído, o que não significa que não haja professores insatisfeitos e a desistir da avaliação». De resto, admite que 400 escolas tenham aprovado moções de resistência ao modelo de avaliação.
O psiquiatra Daniel Sampaio, presidente do júri do Prémio Nacional do Professor, não tem dúvidas em afirmar que «grande parte das horas que os professores passam nas escolas é em reuniões ou preocupados com as grelhas e com o esquema de avaliação de desempenho», numa «actividade muito burocratizada» que deixa pouco espaço para a preparação do trabalho com os alunos.
«A sobreocupação dos professores com tarefas exteriores à preparação das aulas seguramente que os desmotiva e é provável que isso vá ter reflexos no aproveitamento dos alunos e no próprio interesse dos alunos em participar nas actividades lectivas», disse à Lusa.

Comentário
Nunca como agora MLR, VL e JP estiveram tão isolados. Os pais começaram a perceber que o modelo burocrático de avaliação retira disponibilidade e energia aos professores para ensinarem. Há a percepção nítida de que as escolas públicas estão a perder qualidade. O descalabro nos rankings reforça essa percepção. Todos os partidos da oposição estão contra este modelo de avaliação de desempenho. As declarações feitas, hoje, por Manuel Ferreira Leite, contra a existência de duas categorias de professores e contra a avaliação burocrática de desempenho são significativas. Até Daniel Sampaio, habitualmente próximo do Governo PS, reconhece os malefícios provocados pelo excesso de burocracia nas escolas. Finalmente, os jornais e as televisões começam a mostrar a realidade e a dar voz aos professores. O isolamento de MLR é um facto indesmentível.
Colega! Amanhã, não podes ficar em casa. De autocarro, de comboio ou de automóvel, tens de cumprir o teu dever. Tens de fazer parte da História. Não queiras ser um mero observador. Vem. Junta-te aos 100 mil que vão encher as ruas de Lisboa. Vai ser lindo. O Céu azul e o Sol radioso farão desta marcha uma maravilhosa Primavera. O prenúncio de um belíssimo e revigorante Verão.
ProfAvaliação

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