sábado, outubro 15, 2011

100 mil, segundo a organização

Milhares de indignados gritaram em Lisboa por justiça em tempos de crise

Os manifestantes invadiram a escadaria da Assembleia da República Os manifestantes invadiram a escadaria da Assembleia da República (Foto: Miguel Manso)
O encontro estava marcado para as 15h em vários pontos do país, mas só mais tarde é que as manifestações portuguesas começaram a ganhar força. A organização aponta para 100 mil pessoas na manifestação de Lisboa, o jornal espanhol El País baixa a estimativa para 30 mil. Ainda não há resultados à vista, mas já há uma nova manifestação agendada: 26 de Novembro.

O alvo foi claramente o primeiro-ministro, que há dois dias anunciou os cortes previstos para o Orçamento de Estado de 2012. "Passos, ladrão, não levas um tostão" foi o principal slogan gritado nas ruas, mas houve também referências à troika e ao anterior Governo. Só são conhecidos os números da organização, mas há quem diga que ficaram abaixo da última grande manifestação, no dia 12 de Março. A organização foi a mesma, mas desta vez uniram-se ao protesto mundial United for Global Change, que partiu dos indignados espanhóis e se espalhou este sábado por mais de 80 países.

Ao contrário dos confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes italianos em Roma, em Portugal não houve incidentes graves. Fica apenas registado um momento de tensão em Lisboa, quando os milhares de manifestantes ocuparam a escadaria do Parlamento, obrigando a polícia a recuar e a pedir reforços.

Também no Porto ficou marcado o momento em que os manifestantes cortaram o cabo da bandeira de Portugal que está no mastro da câmara municipal. Entre críticas e aplausos houve ainda incentivos à queima da bandeira. Segundo a polícia estiveram nos Aliados um máximo de 10 mil a 12 mil pessoas, mas a organização avança o número de 25 mil pessoas.

Estudantes, desempregados, reformados e famílias, foram milhares os indignados que apareceram em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Évora, Faro e Angra do Heroísmo, pedindo uma mudança de posição do Governo, numa luta contra a precariedade, o desemprego e a corrupção. Exigiram uma maior democracia e o fim do capitalismo. Ouviu-se "A dívida não é nossa" como justificação.

Em ambiente de festa e descontraído, com alguns momentos de tensão e exaltação, os manifestantes não esqueceram a velha máxima "O povo unido, jamais será vencido" e durante horas fizeram-se ouvir, numa manifestação bastante barulhenta, entre tambores improvisados e apitos, contra as políticas de austeridade.

No fim do protesto, à semelhança do que aconteceu a 12 de Março, os milhares de manifestantes reuniram-se nas escadas dos Parlamento numa "assembleia popular" para debater contributos possíveis que ajudem a combater a crise. Entretanto, Assunção Esteves, presidente da Assembleia da República, já fez saber que está disponível para receber e ler estas propostas.

Para a meia-noite está ainda programada uma vigília.
Público

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