Portagens: Algarve contra pagamentos na a22
Algarvios bloqueiam aeroporto
Dezenas de passageiros de voos com partida de Faro foram ontem afectados pela manifestação antiportagens na A22, que bloqueou o acesso ao aeroporto. O protesto realizou-se um dia depois de o ministro da Economia ter anunciado que, até ao final do mês, vão avançar as portagens em todas as Scut (A22, A23, A24 e A25).Muitos dos passageiros afectados, ao que o CM apurou, tinham como destino o Reino Unido e alguns perderam mesmo os aviões devido ao protesto, que juntou além de algarvios também empresários e políticos espanhóis. Na marcha lenta, onde se associaram dezenas de motards do Moto Clube de Faro, estiveram envolvidos mais de um milhar de pessoas, distribuídas por cerca de 300 viaturas, entre automóveis e motas.
A GNR, que mobilizou dezenas de elementos para controlar o protesto, fez tudo para que o bloqueio no trânsito não afectasse o aeroporto internacional. No entanto, foi impossível fazer fluir o trânsito, quando a velocidade máxima era 5 km/h ou parado. Ao que o CM apurou, muitos automobilistas foram mesmo ameaçados com multas e os militares chegaram a registar matrículas para depois enviar multas para casa.
Os manifestantes arrancaram de quatro pontos do Algarve (Portimão, Albufeira, Tavira e Altura) e terminaram o protesto em Faro, onde bloquearam o aeroporto e a principal entrada, provocando filas de cinco quilómetros. "Os algarvios não vão descansar enquanto não derrotarem as portagens. É mais desemprego, mais taxas moderadoras, aumento do IVA. Só nos resta lutar", assegurou João Vasconcelos, do Movimento AntiPortagens.
TURISMO DE HUELVA AFECTADA
As unidades hoteleiras de Huelva, em Espanha, também irão ser afectadas com as portagens no Algarve. Segundo José Rodríguez, alcaide de Ayamonte, que também participou no protesto, "o aeroporto de Faro recebe por ano 300 mil turistas, que depois seguem para as unidades hoteleiras de Huelva". Vários outros políticos e empresários espanhóis participaram na manifestação.
UTENTES DA BEIRA AMEAÇAM ENDURECER AINDA MAIS A LUTA
A Comissão de Utentes Contra as Portagens na A23, A24 e A25 promete "endurecer" a luta contra a introdução de portagens naquelas vias rápidas, que servem as regiões da Beira Interior e de Trás-os-Montes. Os elementos consideram a medida um "disparate" que poderá ter "consequências catastróficas" para o tecido empresarial e empobrecer a região.
"Quem se mete com os beirões leva. Neste caso, o Governo está a ir longe demais e vai ter uma reposta adequada", garantiu ontem ao CM Francisco Almeida, porta-voz do movimento contra as portagens naquelas Scut. O elemento da comissão de utentes garante que os protestos vão "aumentar de intensidade" e não exclui a hipótese do corte de vias e do incentivo às pessoas para desobedecerem e "não pagarem as portagens nem comprarem os chips".
Antes de o ministro da Economia, Obras Públicas e Transportes garantir na sexta-feira que até ao fim do mês vão ser introduzidas portagens nas vias, a comissão já tinha agendadas algumas iniciativas de luta contra a medida, entre elas uma viagem de autocarro pela velhinha EN16, via alternativa à A25, entre Viseu e Aveiro, na próxima sexta-feira. "Convidamos o ministro da Economia [Álvaro Santos Pereira] e o seu secretário de Estado [Almeida Henriques], que até são de Viseu, a fazerem esse percurso e verem que essa estrada não é alternativa nenhuma", diz Francisco Almeida, frisando que os beirões "estão a ser alvo de uma grande afronta e vão responder na rua".
NORTE SOLIDÁRIO COM PROTESTOS
José Rui Ferreira, porta-voz da Comissão de Utentes contra as portagens no Litoral Norte, manifesta solidariedade para com os utentes das outras vias portajadas. "Não há necessidade de mais portagens. A nível económico, as vias pagas não tiveram o resultado esperado", diz José Ferreira. Refere ainda uma carta enviada ao ministro da Economia a solicitar a reavaliação das portagens nas ex-Scut.
PERDA DE TRÁFEGO SUPERA OS 40%
O tráfego nas três ex-Scut (Litoral Centro, Costa de Prata e Grande Porto) registou quedas desde a introdução de portagens em Outubro de 2010. Em Maio último, a concessão da Costa de Prata tinha perdido 49,1%, a do Grande Porto 40%, enquanto na do Litoral Centro a quebra rondou, no mesmo período, 30%, de acordo com dados do Instituto de Infra-Estruturas Rodoviárias (InIr).
Correio da Manhã
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