“Quem ficou com o dinheiro na Madeira?”
Quem viveu acima das possibilidades não foi o povo da Madeira, diz Francisco Louçã. Foram os comparsas do Ali Babá, os que viveram à volta daquele governo e daquele regime. O coordenador do Bloco diz que as contas do ministro das Finanças não batem certo porque se esquecem de três parcerias público privadas nas rodovias que disparam a dívida da Madeira para 8.328 milhões de euros.
Louçã: Vítor Gonçalves esqueceu-se de três parcerias público privadas que disparam para 8.328 milhões de euros o valor total da dívida da Madeira. Foto de Paulete Matos
“A Madeira não recebe nada de impostos das empresas situadas no offshore, que são fantasmas, mas o produto é contabilisticamente inflacionado. De forma que a Madeira perde todos os anos fundos comunitários a que teria direito em função do nível de vida real, das madeirenses e dos madeirenses, porque há uma falsificação sistemática das contas por existência da zona franca”, apontou.
Assim, segundo o coordenador do Bloco de Esquerda, “a Madeira perde, no quadro comunitário actual, 900 milhões de euros a que teria direito de fundos de apoio ao desenvolvimento e de apoio social, só porque regista nas suas contas uma zona franca, de empresas fantasmas, de branqueamento de capitais e de fuga aos impostos”.
Para Louçã, é evidente que, na Madeira, “quem viveu acima das possibilidades dos outros foram os comparsas do Ali Babá, quem viveu à volta daquele governo e daquele regime, que tinham tudo e não deram nada”.
“O que é preciso que nos digam é quem é que ficou com dinheiro”, disse, acrescentando que este “está, naturalmente, à volta dos comparsas todos que viveram da facilidade, do amiguismo, dos contratos, das concessões, dos ajustes, das inaugurações ao longo de todos estes anos”.
Revisão em alta do défice
Sobre a revisão em alta do défice anunciada pelo Instituto Nacional de Estatística, o coordenador do Bloco de Esquerda disse que “o registo de que o défice é maior do que se esperava desencadeou imediatamente duas reações”.
“A primeira do PSD e do CDS a dizer que a culpa é do PS”, sublinhou, recordando, porém, que “nenhuma das medidas que cavou esta sepultura da economia portuguesa deixou de ter o apoio do PSD e depois chegou o acordo da troika, mais uma vez com o apoio de Passos Coelho e de Paulo Portas”.
Mas houve outra resposta: “Um secretário de Estado do Ministério das Finanças foi à tarde dizer: sim senhor, medidas extraordinárias. Lá deve ter recebido um SMS e depois saiu a dizer: 'não, na verdade as medidas extraordinárias são como a pescada, antes de o ser já o eram?. Nós estamos sempre em medidas extraordinárias”, disse Louçã, em tom irónico, acrescentando que o governo ainda “não percebeu que quanto maiores os impostos, maior a dificuldade de ter receitas tributárias porque mais pequena é a economia”.
Para Louçã, “toda a política e estratégia do governo é a velha estratégia dos feiticeiros da idade média que achavam que se alguém tinha algum sintoma de doença, na dúvida, abre-se uma veia. É preciso é sangrar o doente. Se o sangrarem bem ele vai ficar bom. Ora se o sangrarem ele morre. Feitiçaria não dá”, afirmou.
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