Marcha foi uma reacção rápida ao anúncio feito na véspera pelo ministro da Economia (Luís Costa)
Centenas de carros e motos avançaram ontem, em marcha lenta, contra a introdução de portagens na Via do Infante, prometida pelo ministro da Economia, anteontem. O governante anunciou que a circulação na A22, uma via Scut (sem custos para o utilizador), passará a ser paga – como já acontece há meses noutras antigas Scut – até ao final de Outubro, e os algarvios não demoraram a reagir com um aviso: “Não pagamos.”
Mais de uma centena de motos encabeçou o desfile que saiu do Parque das Cidades/Estádio Algarve em direcção ao aeroporto, apanhando de surpresa alguns turistas que para ali se dirigiam. Na dianteira do protesto, o presidente do Moto Clube de Faro, José Amaro, prometeu: “Eu não vou pagar portagens, e apelo aos motociclistas que façam ao mesmo”. O líder motard argumenta que a Estrada Nacional (EN) 125 não é alternativa à Via do Infante. “Mesmo depois de requalificada, e não se sabe quando o vai ser, continuará a ser uma estrada perigosa”, alegou. Os engarrafamentos, que actualmente já se verificam na EN125, prosseguiu, “serão muito maiores” quando houver portagens.
Anteontem, durante a discussão no Parlamento sobre as linhas orientadoras do plano estratégico dos transportes, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, reconheceu tratar-se de uma medida “impopular”, mas defendeu que é necessária.
“Vamos desmascarar essa mentira”, reage o antigo presidente da Câmara de Faro, José Vitorino (PS), um dos que encabeçaram a manifestação de ontem. O ex-autarca, representante do movimento Com Faro no Coração, alega que cerca de dois terços da Via do Infante estão pagos. Com mais este custo para os automobilistas, o Algarve torna-se “um enclave”, continuou, na medida em que as pessoas ficam sujeitas ao pagamento de portagens entre a residência e os locais de trabalho. “Turistas e residentes vão ser empurrados para a estada da morte.”
Do lado espanhol da fronteira, o presidente da Câmara de Ayamonte (eleito pelo PSOE), António Rodrigues, deslocou-se a Altura (Castro Marim) para manifestar solidariedade aos algarvios, mas ficou-se por aí.
Tavira, Albufeira e Portimão foram outras das localidades indicadas como ponto de encontro para o protesto. O secretário-geral da Federação Nacional de Associações de Transportes de Espanha, em Altura, defendeu uma “zona neutra sem portagens” entre Faro e Huelva, mas não alinhou na marcha lenta. Os deputados Paulo Sá, da CDU, e Cecília Honório, do Bloco de Esquerda, foram os únicos parlamentares eleitos pelo Algarve presentes. José Vitorino aproveitou ainda a ocasião para protestar contra a Comunidade Intermunicipal do Algarve – Amal. “Durante cerca de dois anos, os senhores presidentes de câmara andaram a brincar com coisas sérias, em função dos interesses político-governamentais”.
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