segunda-feira, outubro 10, 2011

Fila de oito quilómetros em protesto contra portagens

Protesto na Via do Infante 
quase bloqueou acesso ao Aeroporto de Faro

 Por Idálio Revez, Público

Marcha foi uma reacção rápida ao anúncio feito na véspera pelo ministro da Economia Marcha foi uma reacção rápida ao anúncio feito na véspera pelo ministro da Economia (Luís Costa)
Centenas de carros e motos avançaram ontem, em marcha lenta, contra a introdução de portagens na Via do Infante, prometida pelo ministro da Economia, anteontem. O governante anunciou que a circulação na A22, uma via Scut (sem custos para o utilizador), passará a ser paga – como já acontece há meses noutras antigas Scut – até ao final de Outubro, e os algarvios não demoraram a reagir com um aviso: “Não pagamos.”

O acesso ao Aeroporto de Faro ficou quase bloqueado, devido às filas de carros e motos que para ali se dirigiram. A fila de automóveis, ao ritmo do pára-arranca, estendeu-se por oito quilómetros. Tratou-se de uma das maiores manifestação de protesto dos últimos dois anos. Porém, ao contrário do sucedeu anteriormente, os representantes do PS e do PSD não compareceram desta vez.

Mais de uma centena de motos encabeçou o desfile que saiu do Parque das Cidades/Estádio Algarve em direcção ao aeroporto, apanhando de surpresa alguns turistas que para ali se dirigiam. Na dianteira do protesto, o presidente do Moto Clube de Faro, José Amaro, prometeu: “Eu não vou pagar portagens, e apelo aos motociclistas que façam ao mesmo”. O líder motard argumenta que a Estrada Nacional (EN) 125 não é alternativa à Via do Infante. “Mesmo depois de requalificada, e não se sabe quando o vai ser, continuará a ser uma estrada perigosa”, alegou. Os engarrafamentos, que actualmente já se verificam na EN125, prosseguiu, “serão muito maiores” quando houver portagens.

Anteontem, durante a discussão no Parlamento sobre as linhas orientadoras do plano estratégico dos transportes, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, reconheceu tratar-se de uma medida “impopular”, mas defendeu que é necessária.

“Vamos desmascarar essa mentira”, reage o antigo presidente da Câmara de Faro, José Vitorino (PS), um dos que encabeçaram a manifestação de ontem. O ex-autarca, representante do movimento Com Faro no Coração, alega que cerca de dois terços da Via do Infante estão pagos. Com mais este custo para os automobilistas, o Algarve torna-se “um enclave”, continuou, na medida em que as pessoas ficam sujeitas ao pagamento de portagens entre a residência e os locais de trabalho. “Turistas e residentes vão ser empurrados para a estada da morte.”

Do lado espanhol da fronteira, o presidente da Câmara de Ayamonte (eleito pelo PSOE), António Rodrigues, deslocou-se a Altura (Castro Marim) para manifestar solidariedade aos algarvios, mas ficou-se por aí.

Tavira, Albufeira e Portimão foram outras das localidades indicadas como ponto de encontro para o protesto. O secretário-geral da Federação Nacional de Associações de Transportes de Espanha, em Altura, defendeu uma “zona neutra sem portagens” entre Faro e Huelva, mas não alinhou na marcha lenta. Os deputados Paulo Sá, da CDU, e Cecília Honório, do Bloco de Esquerda, foram os únicos parlamentares eleitos pelo Algarve presentes. José Vitorino aproveitou ainda a ocasião para protestar contra a Comunidade Intermunicipal do Algarve – Amal. “Durante cerca de dois anos, os senhores presidentes de câmara andaram a brincar com coisas sérias, em função dos interesses político-governamentais”.

0 comentários: