Manobras do ME: antecipação da reunião para amanhã destina-se a ganhar tempo para agravar a pressão sobre as escolas
O Ministério da Educação convocou as associações integrantes da plataforma sindical dos professores para uma reunião, a realizar esta quarta-feira, antecipando assim o encontro marcado para dia 15.
Em comunicado, o Ministério da Educação considera "que a desconvocação das greves regionais, previstas até ao dia 12, permite antecipar esta reunião, inicialmente marcada para dia 15, sem prejuízo da que está marcada para este dia e de outras que posteriormente se julguem necessárias".
A reunião permitirá às associações sindicais apresentar as suas propostas sobre o processo de avaliação de desempenho em curso e definir, também, a agenda de futuras reuniões.
Fonte: JN de 9/12/08
Comentário
Cheira-me a esturro esta pressa do ME. A quem pode interessar a antecipação da reunião? Estava marcada para dia 15/12 e o ME vem agora pedir aos sindicatos que reúnam amanhã. Por que será? O ME sabe que a reunião com a Plataforma será um simulacro. Não haverá acordo. Se o ME quisesse um entendimento não teria aprovado o simplex 2 e não enviaria, através da DGRHE e do Gabinete da Ministra, emails a pressionar e a intimidar os PCEs. A reunião do dia 15/12 será demasiado tarde para os planos do ME. No dia 19/12, terminam as aulas. O ME quer aproveitar a quinta-feira, a sexta-feira e toda a semana que vem para pressionar as escolas que têm o processo de avaliação parado. E são quase todas. O conselho que eu dou à Plataforma é: digam que a reunião está marcada para o dia 15/12 e é nesse dia que se fará. Antes, não é possível. Não caiam em mais um logro. Oxalá eu esteja enganado. Se estiver, retrato-me.Adenda escrita às 21:40
Soube, há momentos, que a Plataforma Sindical apresentou uma proposta de antecipação para dia 11/12, quinta-feira. A razão para a recusa da reunião, amanhã, quarta-feira, é plausível: o tempo era escasso para preparar a reunião. Afinal, a Plataforma Sindical é composta por uma dezena de sindicatos. Oxalá, a Plataforma Sindical não se arrependa de ter aceite antecipar a reunião para o dia 11/12. O email que a DGRHE enviou, ao final da tarde de hoje, aos PCEs é um mau indicador. A leitura que eu faço desse email ameaçador, cruzada com a proposta de antecipação da reunião, leva-me a crer que o ME vai usar a semana que vem para agravar a pressão sobre os PCEs. Dessa forma, ganhará tempo. Como o ME não tenciona aceitar as propostas dos sindicatos, quanto mais depressa se realizar a reunião melhor será para o ME. Deixará de haver dúvidas. Veremos se tenho razão. Se a reunião de quinta-feira terminar em desentendimento (e eu tenho quase a certeza de que vai terminar), o ME fará uso de toda a sua artilharia para bombardear os PCEs com ameaças. A última semana de aulas do 1º período será alucinante. O ME fará uso de todo o seu poder de fogo. Se assim for, exige-se calma, resiliência e resistência aos professores. Sobretudo aos PCEs. Ganhará quem for mais paciente e resiliente. Uma semana passa a correr. Basta os professores continuarem a fazer o que fizeram nas últimas semanas: nada! Nada, no que diz respeito à avaliação burocrática. Fácil, não é?
Adenda escrita às 22:28
O Público Online acaba de publicar a seguinte notícia: "O primeiro-ministro, José Sócrates, garantiu esta tarde aos deputados do Partido Socialista (PS) que não vai haver qualquer alteração no modelo de avaliação dos professores. Numa reunião na Assembleia da República com o grupo parlamentar socialista, José Sócrates ouviu protestos de alguns deputados que estão contra este modelo de avaliação, mas assegurou que a reforma na Educação é para continuar."
Nada mais claro. O chefe já antecipou o que a ministra ou o Pedreira vão dizer aos sindicatos na quinta-feira: o modelo de avaliação é para manter. Todos sabem. Só os sindicatos é que não sabem? Depois destas palavras de Sócrates, não seria melhor a Plataforma afirmar a sua indisponibilidade para a reunião de 11/12? Bastaria dizer que a reunião estava prevista para o dia 15/12 e é nesse dia que se fará. E se o ME não quiser manter a reunião de 15/12, ainda há tempo para preparar grandes manifestações nas capitais de distrito, a realizar, na última semana de aulas. Não ao sábado mas ao final da tarde de um qualquer dia da semana que vem.
ProfAvaliação
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