segunda-feira, dezembro 15, 2008

Militante do PS vai presidir ao Conselho Nacional da Educação. Conheça um pouco da sua doutrina pedagógica

Quebrando uma regra que vinha sendo observada desde a criação do Conselho Nacional da Educação, os deputados do PS aprovaram a nomeação de Ana Maria Bettencourt , uma destacada militante do PS e ex-deputada, para presidir àquele órgão consultivo do Ministério da Educação. E a regra quebrada foi a seguinte: nos Governos do PSD era designado para presidir ao CNE uma personalidade independente ou próxima do PS. Nos Governos do PS, era nomeada uma personalidade independente ou próxima do PSD. Havia uma entendimento tácito de que o presidente do CNE devia ser uma personalidade não filiada no partido do Governo. Com esta nomeação, o PS de Sócrates dá continuidade ao propósito de controlo total das instituições da administração pública. Ana Maria Bettencourt foi deputada do PS e assessora para a Educação durante os dois mandatos de Jorge Sampaio. É uma conhecida militante socialista do Distrito de Setúbal em cuja Escola Superior de Educação lecciona.
Conheço Ana Maria Bettencourt há mais de duas décadas. Nos idos anos 80, coordenámos um projecto sobre educação para a cidadania que foi publicado em livro. Reconheço-lhe grandes qualidades de trabalho e um enorme entusiasmo em tudo a que deita mãos. Mas também pude testemunhar o quanto ela está ligada ao PS. Casada com outro militante destacado do PS, Pedro Lurtie, Ana Maria Bettencourt não é apenas uma militante do PS. É uma pessoa que, há mais de duas décadas, exerce cargos políticos de destaque, em representação do seu partido.
A concepção de escola de Ana Maria Bettencourt casa bastante bem com as políticas educativas de Maria de Lurdes Rodrigues. Ana Maria Bettencourt esteve ligada à génese da criação das Áreas Curriculares Não Disciplinares (ACND) e é uma defensora da imposição das novas funções de carácter assistencial e social. Nos últimos anos, tem-se dedicado ao estudo e implementação dos "territórios educativos de intervenção prioritária" (TEIPs). Foi uma das redactoras do parecer do CNE em defesa de um ciclo único de seis anos com o recurso ao professor generalista. Também tem defendido, nos fóruns em que participa, a progressão dos alunos em função da idade cronológica, com o consequente fim das reprovações. Quanto às novas funções do professor - que ela gosta de designar por formador -, é uma defensora de todas elas: animação, guarda, assistência social, etc. Não fala em conteúdos. Apenas em competências.
Oxalá eu me engane, mas duvido que vejamos a nova presidente do CNE a criticar as medidas da ministra da educação. Como eu gostaria de me enganar!
Veja aqui a biografia de Ana Maria Bettencourt , publicada na página web do Parlamento.
ProfAvaliação

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