terça-feira, dezembro 09, 2008

Se dúvidas existiam de que há profunda má-fé nesta pseudo-fase negocial entre o ME e a Plataforma, elas ficaram desfeitas hoje com a forma como o Ministério procurou impor o seu calendário, sem anuência dos seus interlocutores.

Há que perceber mesmo nas linhas, porque a subtileza do SE Pedreira está longe de obrigar a ir às entrelinhas.

O único objectivo de tudo isto é, tendo a Plataforma recuado de forma estratégica em relação à sua posição aparentemente irredutível, procurar provocar professores e sindicatos para uma radicalização que se considera vantajosa em termos de opinião pública.

O ME não que verdadeiramente negociar mas, isso sim, através de diversas manobras de diversão, empurrar os sindicatos para uma reacção epidérmica, destinada a ser rapidamente apontada como «radical» e instrumentalizada do ponto de vista «político-partidários».

Mandam o Sócrates 2 (a.k.a Pedro Silva Pereira) ou o ex-ministro da Educação Santos Silva falar, fazendo coro com o SE Pedreira, mobilizam dois ou três opinadores residentes da araça para apontarem o dedo e encomendam-se umas notícias de primeira página.

A estratégia parece-me clara, resta saber se há a calma suficiente para a suportar de forma estóica e, como no judo, aproveitar o ímpeto do adversário para o derrubar.

Era bom que a Plataforma levasse alguma coisa na manga para a reunião, daquelas que desarmasse a estratégia ministerial. Nem que fosse uma prenda de Natal, bem embrulhadinha em papel brilhante. Fosse o que fosse. Sempre com um sorriso nos lábios e deixando o ar carrancudo para quem não parece sequer saber sorrir em público.

Não nos deixemos enganar: neste momento o que o ME mais quer é provocar divisão e desorientação, de modo a provocar uma reacção da outra [nossa] parte. Acredito mesmo que o tom da reunião de dia-11-que-era-para-ser-10-e-antes-15 será de molde a provocar a ira.

Os mails da DGRHE são instrumentais e sintomáticos a esse respeito: nada no DR 2/2008 atribui a este organismo o papel que está a desempenhar. Nada obriga os Conselhos Executivos a sequer considerar como válidas as suas instruções e pressões.

Deveria ser o CCAP a fazer isso, mas está a recuperar do estado de coma em que entrou há alguns meses, não se sabendo se vai voltar verdadeiramente à vida sem ser mero autómato. Mas, de qualquer forma, deveria ser o CCAp a acompanhar e monitorizar o processo de avaliação.

Não a DGRHE, através de mails não assinados.

Mas tem sido esse o meio usado pelo ME para intimidar e, indirectamente, provocar a fúria dos docentes

Ceder a essa tentação a essa tentação seria fazer o jogo do adversário.

A Educação do Meu Umbigo

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