terça-feira, dezembro 02, 2008

Roma não paga a traidores

O dirigente da Pró-Ordem, Filipe do Paulo, também militante do PS, admitiu, à saída do Largo do Rato que poderá não fazer greve e pedir negociações suplementares no âmbito da regulamentação da simplificação. A mudança deve-se à “grande abertura ao diálogo” que o dirigente sindical “viu” ontem em José Sócrates.


Comentário

1. A confirmar-se o frete, só mostra o desespero do Governo e do PS que não olham a meios para dividir os professores e quebrar a união da Plataforma Sindical.

2. Filipe do Paulo é um militante do PS. Tem todo o direito a ser. Não sei há quantos anos está afastado das salas de aulas ou se vai mantendo um horário lectivo reduzido à custa da condição de dirigente de uma associação sindical que conta com escassas centenas de professores filiados com quotas em dia.

3. A associação Pró-Ordem representa muito poucos professores. É uma micro-associação, sem qualquer actividade regular digna desse nome. Ao longo dos anos, deu sinal de vida com umas acções de formação pagas pelo PRODEP e, esporadicamente, umas conferências. Os sindicatos que integram a Plataforma Sindical fizeram o favor de aceitar a participação da Pró-Ordem, em nome da união dos professores, sabendo, no entanto, que a Pró-Ordem tem uma muita reduzida representatividade. Graças a esse favor, Filipe do Paulo teve direito ao seu tempo de antena nas manifestações de 8 de Março e de 8 de Novembro.

4. Espero que Filipe do Paulo não se preste a este serviço. Ele sabe, melhor do que ninguém, que preside a uma associação sindical em estado quase comatoso. Atrevo-me a dizer que, das quase duas dezenas de associações e sindicatos de professores, a Pró-Ordem é a que tem menos sócios e menos actividade. Conheço o Filipe do Paulo há muitos anos. Respeito-o como pessoa e como professor. Fomos colegas. Foi sempre gentil e educado para comigo. Tenho quase a certeza de que vai recusar desempenhar o papel que os dirigentes nacionais do PS lhe encomendaram. Antes de ser militante do PS, já era professor.

5. Eu sei que a tentação é grande e o grupo que dirige o actual PS é generoso para com quem lhe presta favores. Filipe do Paulo! Não queiras ficar na história desta luta como o Judas dos professores! Recusa o beijo de Judas e sairás reforçado e prestigiado pela tua coragem e lealdade aos professores.

P.S. Como é sabido, Viriato colocou em grandes apuros os soldados romanos destinados à península ibérica, graças à sua táctica de guerrilha e de emboscadas. Em 139 a.C., quis negociar a paz para a região e enviou três dos seus homens de maior confiança (Aulaco, Ditalco e Miminuro) para a negociar com o cônsul romano. Este não só recusou a proposta como convenceu os três homens a matarem o seu líder em troco de uma substanciosa recompensa. O trio aceitou e assassinou o líder lusitano.

Quando os três homens regressaram para cobrar a recompensa prometida, receberam como resposta «Roma não paga a traidores». Foram imediatamente executados.

In Raiva

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