segunda-feira, novembro 08, 2010

Alegre diz que futuro político do país se joga a 23 de Janeiro

O candidato à Presidência da República Manuel Alegre defendeu hoje que as eleições de 23 de Janeiro não são um mero acto eleitoral e que aí se jogará «o futuro político do país» e o seu «modelo de sociedade».Intervindo no encerramento do IX Congresso da Corrente Sindical Socialista da CGTP, o candidato apoiado por socialistas e bloquistas usou as palavras do secretário-geral da UGT, João Proença, que o antecedeu como orador na iniciativa, para sublinhar que nas presidenciais «fica aberto» o caminho para «uma maioria, um Governo, um presidente», numa alusão à frase de Francisco Sá Carneiro.
«O nosso futuro político não se vai decidir em Maio ou em Junho [data apontada por Proença para realização de novas eleições legislativas], vai-se decidir nas eleições presidenciais, a 23 de Janeiro», advogou, sugerindo que a sua eleição ou a de Cavaco Silva terá forte influência no caso de uma crise política no próximo ano.
«O que se joga a 23 de Janeiro é o futuro político do nosso país, é o modelo de sociedade», afirmou, em jeito de advertência.
Na sua intervenção, Alegre apelou mesmo aos sindicalistas presentes para que «expliquem a todos o que está em causa nas eleições presidenciais» e prognosticou que estas definirão o «tipo de democracia que vamos ter» em Portugal.
Por entre as referências ao futuro do país após as presidenciais, o candidato do BE e do PS teceu críticas ao projecto de revisão constitucional do PSD, caraterizando-o como «um projecto estratégico contra o Estado Social tal como ele está consagrado na nossa Constituição».
Segundo a Lei Fundamental, disse Alegre, «os direitos sociais são inseparáveis dos direitos políticos», pelo que «a Constituição ficará mutilada se estes forem separados».
«Ninguém contará comigo para pôr em causa o direito dos trabalhadores, o Serviço Nacional de Saúde, a Segurança Social pública, a educação», vincou, reiterando uma garantia que tinha dado no seu discurso de rentrée da candidatura, a 11 de Setembro.
Sobre as linhas de orientações na resposta à crise, Alegre acusou a direita de querer aumentar a competitividade da economia com base «na flexibilização e na desvalorização do trabalho» e defendeu como alternativa «a inovação tecnológica e social e a incorporação de saber», bem como a «responsabilidade social das empresas».
No plano europeu, Alegre criticou o PP espanhol que se propõe «privatizar todos os serviços públicos» ou as opções de Sarkozy, em França, que «estão a pôr em causa não só o Estado Social, mas mesmo a ideia de interesse geral e de serviço público, tal como ela vem da Revolução Francesa».
«Há um enfraquecimento da social-democracia e do socialismo democrático em toda a Europa, da esquerda. Por mais absurdo que pareça, com a queda do Muro de Berlim parece que caiu também a capacidade da esquerda na Europa, o movimento sindical tem um papel decisivo para fazer frente a esta ofensiva contra os serviços sociais», advogou, perante uma plateia de sindicalistas.

Sol/Lusa

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