Taxa de desemprego atinge máximo histórico: 10,9%
Segundo dados do INE, publicados esta quarta-feira, existem pelo menos 609.400 pessoas no desemprego. O número de desempregados inscritos nos centros de emprego também subiu relativamente a Outubro de 2009, são mais 33 mil, mas as ofertas de trabalho diminuíram 23%.
A taxa de desemprego portuguesa é a quinta mais elevada entre os 33 países que integram a OCDE. Foto Paulete Matos..
Também o número de empregados diminuiu 1,1% quando comparado com o do mesmo trimestre de 2009 e 0,6% relativamente ao trimestre anterior.
Segundo o INE, a taxa de desemprego entre os jovens subiu para 23,4% no terceiro trimestre do ano, o que se traduz em 99 mil cidadãos e cidadãs com menos de 25 anos sem trabalho.
De acordo com a informação mensal publicada pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), no final de Outubro encontravam-se inscritos nos Centros de Emprego do Continente e das Regiões Autónomas 550.846 desempregados - mais 33.320 indivíduos do que um ano antes.
Mas face a Setembro deste ano, o número de inscritos diminuiu em 4.974 pessoas (0,9 por cento). O que fez com que o secretário de Estado do Emprego, Valter Lemos, tenha sublinhado, em declarações à Lusa, que "esta descida face ao mês de Setembro é uma descida relevante, porque é a primeira vez que acontece nos últimos 20 anos. Desde 1990 que não havia qualquer descida em Outubro face ao mês de Setembro".
O IEFP revelou outros dados que indicam que a crise para quem procura trabalho está definitivamente instalada: quanto ao tempo de permanência dos desempregados nos ficheiros, os inscritos há menos de um ano (58,4 por cento do total de desempregados) diminuíram sete por cento, enquanto os desempregados de longa duração (41,9 por cento) assinalaram um acréscimo de 33,2 por cento (para 230.791 pessoas).
O “fim de trabalho não permanente”, ou seja, o trabalho precário, continua a ser o principal motivo de inscrição dos desempregados, com 22.354 inscritos ao longo do mês de Outubro nos centros de emprego do Continente, seguido do motivo “despedido”, com 8.303 inscritos.
Ouvido pela TSF, o secretário-geral da CGTP não partilha do optimismo forçado do secretário de Estado do Emprego, pois, segundo Carvalho da Silva, as estatísticas podem não espelhar a realidade. “Há fenómenos que precisam de ser melhor estudados e alguma leitura do secretário de Estado é precipitada, porque é preciso ver qual o impacto do desemprego de longa duração”, explicou. Para Carvalho da Silva, é também preciso ver qual o efeito de “muitos trabalhadores que estão a ficar sem protecção no desemprego e o seu comportamento”.
Mais austeridade, menos ofertas de trabalho
As ofertas de trabalho que chegaram aos centros de emprego durante o mês de Outubro sofreram uma quebra mensal de 23 por cento e pela primeira vez desde o início do ano ficaram abaixo das 10 mil, o que representa uma redução de 13,3 por cento em relação ao ano passado, indiciando uma retracção dos agentes económicos face às políticas restritivas do Governo.
Confrontado com este retrocesso, o presidente do IEFP, Francisco Madelino, não esconde a apreensão quanto ao futuro. "Pode tratar-se de um fenómeno conjuntural em reacção às medidas anunciadas pelo Governo ou pode tratar-se de um primeiro sinal de retracção dos empregadores face às políticas restritivas adoptadas para o próximo ano", frisou ao Público, acrescentando que esta variável "tem que ser acompanhada com atenção" ao longo dos próximos meses.
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