Algarvios unem-se em bloco contra portagens na Via do Infante
Todos os municípios, associações do comércio, da hotelaria e restauração, sindicais e empresariais estão a juntar-se em bloco contra a introdução de portagens no Algarve. Macário Correia critica direcções nacionais do PS e PSD por "dizerem uma coisa hoje e fazerem outra amanhã".
Mário Lino, correspondente no Algarve (www.expresso.pt) 16:52 Quarta feira, 26 de Janeiro de 2011 Estrada Nacional 125 não é alternativa, diz a Frente Comum contra as Portagens na Via do Infante. Governo mantém-se intransigente mas algarvios dizem que caso é totalmente diferente das outras SCUT. Mário Lino |
A nível regional os partidos políticos tiveram discursos políticos muito claros ao longo do tempo e na campanha para as legislativas de 2009 também todos os partidos se comprometeram com essa mesma atitude do não à introdução de portagens, todavia no discurso recente e na votação da Assembleia da República fizeram ao contrário. Nós assim não podemos acreditar em pessoas que dizem uma coisa hoje e fazem outra amanhã".
As palavras, de Macário Correia, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) valem tanto para o PS como para o PSD e sintetizam o descontentamento generalizado dos algarvios, assolados por uma das mais graves crises de desemprego de que há memória, perante a hipótese de o Governo portajar até Abril a Via do Infante.
Após um início liderado apenas pela Comissão de Utentes, conotada por alguns - incluindo o próprio Macário Correia - com o Bloco de Esquerda (o presidente, João Vasconcelos, pertence ao BE), agora, tal como em 2004, os algarvios voltam a estar unidos em torno de um objectivo comum: demonstrar que para casos diferentes, não pode haver tratamento igual.
Este é um dos argumentos principais da AMAL, Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL), Associação de Industriais Hoteleiros e Similares do Algarve (AIHSA), Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA), Confederação dos Empresários do Algarve (CEAL), União Geral de Trabalhadores (UGT), Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) e Comissão de Utentes da Via do Infante.
Depois de uma petição com perto de 14 mil assinaturas, entregue já este mês na Assembleia da República, para tentar travar o processo, os contestários explicam agora de novo as razões, num manifesto público.
"É um caso diferente porque não existe alternativa à Via do Infante, a 125 é uma rua não é uma estrada, por outro lado porque foi construída com fundos europeus há cerca de 20 anos e não de acordo com o modelo SCUT, há apenas uma pequena parte onde isso se aplica e por último porque isso nos vai criar uma situação de grande desigualdade com Espanha, porque o Algarve tem circunstâncias muito especiais na actividade turística", explica Macário Correia.
EN125 é Estrada da Morte
A plataforma de luta contra as portagens na A22 voltou hoje a argumentar que a cobrança vai fazer aumentar a sinistralidade na EN125, prejudicar a economia do Algarve, além de não haver uma alternativa viável à Via Infante.
Frisando que a EN125, que será sujeita a uma intervenção até 2013, se trata de uma das vias "mais perigosas da Europa", a plataforma considera que o previsível aumento do tráfego após a introdução de portagens na A22 vai fazer subir o número de vítimas de acidentes rodoviários nessa via, onde morre uma média de 30 pessoas por ano, tornando-a na "segunda mais mortífera do país", segundo dados ministério das Obras Públicas citados no manifesto, a que o Expresso teve acesso.
Outra das preocupações da plataforma refere-se ao "congestionamento da via, sobretudo no verão, com todas as implicações que daí advêm em termos de poluição e muitas horas de perda de tempo, tanto para os locais como para os turistas. "Imagine-se a dimensão que os engarrafamentos em julho e agosto poderão atingir, bem como as suas repercussões na imagem e na atratividade da principal região turística do país", questionam os representantes anti-portagens.
A plataforma conjunta vai fazer um fórum público a 19 de Fevereiro no Auditório do NERA em Loulé, com especialistas em mobilidade, para discutir o tema e tem também prevista uma marcha lenta na Ponte do Guadiana, juntando associações espanholas da raia fronteiriça até Huelva, que se têm manifestado, segundo a Comissão de Utentes da Via do Infante, bastante receptivas aos protestos dos algarvios.
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