terça-feira, setembro 02, 2008

Com turmas de 28 alunos como é que se pode diferenciar o ensino?

A dimensão das turmas deve ser estabelecida de acordo com as necessidades de desenvolvimento de processos de aprendizagem consistentes. A FNE regista, a título de exemplo, que, no ano lectivo de 2007/2008, 38% das turmas de 9º ano tinham entre 24 a 28 alunos e que no 7º ano eram 43,8% as turmas com idêntica dimensão; no 10º ano de escolaridade, este tipo de turmas representavam 56,8% do total. Torna-se necessário que estas percentagens se reduzam significativamente.
Comunicado da FNE emitido no dia 1 de Setembro de 2008
Comentário
Você leu bem:
1. 38% das turmas do 9º ano tiveram, em 2007/08, entre 24 a 28 alunos.
2. 43,8% das turmas do 7º ano tiveram, em 2007/08, entre 24 a 28 alunos.
3. 56,8% das turmas do 10º ano tiveram, em 2007/08, entre 24 a 28 alunos.
É sabido que existe uma relação entre qualidade de ensino e dimensão das turmas. Mais do que 25 alunos por turma é um exagero e pode constituir um obstáculo à aprendizagem dos alunos com mais dificuldades. Como é que os professores podem dar atenção, em simultâneo, a 28 alunos? Como é que se pode diferenciar e individualizar o ensino? Avaliar 28 alunos exige muito mais tempo do que avaliar 20 alunos. Um professor do 3º CEB tem, em certos casos, 8 turmas. Se as turmas tiverem 20 alunos, esse professor tem de avaliar 160 alunos. Mas se as turmas tiverem 28 alunos, o professor tem de avaliar 224 alunos. Tudo isto multiplicado por "n" testes, "n" testes intermédios e "n" testes de recuperação. Para além da avaliação dos projectos e portefólios dos alunos. Convém tambem referir que, quantos mais turmas o professor tiver, maior será o número de reuniões, actas e relatórios. Se somarmos a isso todo o trabalho prévio de preparação, planificação e criação de materiais didácticos, poderemos ter uma noção do trabalho que o professor tem no desempenho das funções lectivas: funções prévias à instrução/ensino; funções de instrução/ensino; funções posteriores à instrução/ensino (avaliação). Só as funções lectivas, desde que bem exercidas, são suficientes para completar as 35 horas semanais de trabalho. Mas temos de acrescentar às funções lectivas toda uma panóplia de conteúdos funcionais irrelevantes. Querem exemplos?
i. Participar na investigação. Esta é de rir. Como é que os professores arranjam tempo para investigar se nem tempo o ME lhes concede para fazerem acções de formação?
ii. Coordenação e supervisão da ligação entre a componente lectiva e as AECs.
iii. Avaliar os professores do departamento (no caso dos professores titulares).
iv. Acompanhar e orientar as aprendizagens dos alunos, em colaboração com os respectivos pais e encarregados de educação. E por que não tomar conta das criancinhas quando os pais saem à noite? E umas explicações aos fins-de-semana?
v. Facultar orientação e aconselhamento em matéria educativa, social e profissional dos alunos, em colaboração com os serviços especializados de orientação educativa (artigo 35º do Decreto Lei 15/2007). E para que servem os serviços de psicologia e de orientação escolar?
profAvaliação

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