quinta-feira, setembro 04, 2008

O artigo do Avante que analisa o BE

O artigo "Bloco de Esquerda, um neo-reformismo de fachada socialista" pretende fazer uma análise sobre o Bloco e o seu pensamento. Para tal recorre à citação de várias opiniões, de vários dos seus dirigentes; diga-se, em abono da verdade, várias vezes citadas de forma desenquadrada do seu contexto e com espaços temporais que chegam aos 19 anos. Será interessante equacionar alguns dos critérios dos marxistas para analisar um dado partido ou movimento político.
1. Nas lutas política concreta como se tem posicionado esse partido? Posiciona-se em combate ao capitalismo? Denúncia a exploração dos trabalhadores e coloca-se ao seu lado? Rejeita propostas legislativas atentatórias da democracia ou dos interesses de classe populares? Apresenta propostas positivas para os interesses sociais e os serviços públicos? Apresenta propostas de apoio aos trabalhadores? Ataca a especulação financeira e o grande capital? Rejeita a guerra e a política imperialista?
2. Como se posiciona quando os trabalhadores estão em luta? Apoia as reivindicações da classe? Junta-se aos protestos dos trabalhadores e dos sindicatos mais combativos? Dá a cara quando a classe é fustigada pelos despedimentos, pelo desemprego ou pela precariedade? Dá a cara em apoio aos lutadores sociais? A maioria dos seus activos sindicais posiciona-se em sindicatos mais à esquerda ou alinha em sindicatos colaboracionistas?
3. Os seus documentos políticos afirmam uma política de esquerda? A sua ideologia define-se em que pilares fundamentais? A sua linha apresenta-se em demarcação do regime capitalista? Os seus estatutos são democráticos? Onde se apresenta o fio condutor da sua linha política, no campo do anti-capitalismo ou no campo do colaboracionismo?
4. Onde está a sua base de apoio? Como é a sua composição orgânica? Como reage ela à luta social e política?
O autor do citado artigo não prestou atenção a nenhum dos critérios de classe que fazem uma análise minimamente marxista - fez um trabalho desqualificado.
Esse artigo poderia ter sido um fomentador de um debate político e ideológico elevado. A esquerda, para crescer, não precisa - mas acima de tudo não deve - centrar em si própria o centro do seu ataque. Mas deve fazer luta política, esta é uma coisa boa. Divergência é uma coisa boa.
Mas desqualificação vendida a jorros é uma inutilidade. Manuel Jara só conseguiu fazer uma demonstração de incompetência.
A classe trabalhadora tem desafios e respostas a encontrar. Sendo a classe cada vez mais heterogénea e plural é natural que as respostas não sejam imediatamente coincidentes. Que haja então uma elevação no debate político e ideológico.
Ideal Comunista

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