sexta-feira, setembro 19, 2008

FENPROF apresenta proposta alternativa de avaliação de desempenho no dia 8 de Outubro


O DN Online anuncia que a Federação Nacional de Professores (Fenprof) vai lançar, no dia 8 de Outubro, uma proposta para um novo modelo de avaliação dos professores, que será discutida dentro da classe docente antes de ser apresentado ao Ministério da Educação. Para a federação, o sistema aprovado pelo Governo em 2007 - e aplicado de forma experimental no final do último ano lectivo - está "condenado" ao fracasso. "É uma discussão que vamos promover no âmbito das comemorações do Dia Internacional do Professor, que se celebra a 5 de Outubro", explicou ao DN Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof. "Para já, não é nada para discutir com o Ministério. Será uma solução apreciada pelos próprios professores, com vários itens em aberto, com os quais poderão concordar ou não".


Para Mário Nogueira, a "prova" de que o actual sistema não funciona foram as avaliações parciais dos contratados e dos professores em ano de progressão na carreira, feitas no final do último ano lectivo depois de o Ministério da Educação e os sindicatos terem assinado um "memorando de entendimento", que resumia as classificações a alguns itens básicos, como a assiduidade.

"Foram avaliados apenas 7000 professores, cerca de 5% do total, e mesmo assim o sistema resultou numa bagunça", considerou. "Houve escolas que distribuíram classificações de "bom" a todos e não podiam, porque há quotas para os "muito bom" e "excelente", há professores com os contratos renovados que ainda não conhecem a avaliação do ano passado [como noticiou o DN] e há até alguns que mudaram de escola e ainda estão a ser avaliados na antiga".

Sistema "vai dar o estouro"

Agora, com o sistema a ser aplicado a todos os professores - ainda que a avaliação no final do ano possa ser repetida, a pedido dos visados - os avaliados começam a deparar-se com muitas dúvidas. Algo que não surpreende o sindicalista: "Não houve nenhuma preparação dos avaliados e, para os avaliadores, a pouca que houve teve uma qualidade baixíssima", considerou.

Por isso, antecipou, "Inevitavelmente isto vai dar um estouro mais lá para o final do ano. A determinado momento ninguém terá avaliações, e o Ministério começará a dizer aos professores que se não forem avaliados serão penalizados na progressão.

Comentário

1.Vai dar o estouro, afirma Mário Nogueira. Não estou tão certo que isso aconteça porque sei de escolas que têm o processo muito adiantado. Há escolas que têm as fichas de avaliação de desempenho aprovadas e que conseguiram criar um grupo de trabalho muito eficaz e é esse grupo de trabalho que, laborando dia e noite, suporta, orienta e realiza todas as tarefas necessárias ao processo de avaliação de desempenho.

2. Faz a FENPROF bem em apresentar um proposta alternativa de avaliação. Espero, no entanto, que essa proposta não se assemelhe a uma que anda a circular na Internet e que é atribuída a um grupo de trabalho do SPGL. Se for semelhante a essa proposta, mais vale estarem quietos porque ela é quase tão burocrática como a que foi imposta pelo decreto regulamentar 2/2008. Mais logo ou amanhã, publicarei um post com críticas aos aspectos mais perniciosos da proposta do grupo de trabalho do SPGL. Para além de ser uma proposta que obrigaria os professores a andarem todos os dias aos papéis para encherem de tralha o portefólio reflexivo, a proposta do grupo de trabalho do SPGL defende uma avaliação de desempenho anual e a realização de um sem número de reuniões "reflexivas". Todo o quadro conceptual da proposta vem na linha dos documentos publicados pelo defunto INAFOP (perfis para a docência, planos curriculares de escola e planos curriculares de turma) e por um conjunto de "cientistas" da educação que têm trabalhado ao lado da ministra da educação e no CCAP. Deixem-se de teorias. A proposta tem de ser simples e exequível:
i. Observações de aulas apenas a pedido ou para justificar as menções de Muito Bom e Excelente.
ii. Uma periodicidade de quatro em quatro anos.
iii. Agregação dos itens de classificação de forma a poderem ser construídas fichas de avaliação mais simples.
iv. Revogação da norma que condiciona a classificação dos professores aos resultados dos alunos.
v. Revogação da norma que obriga à elaboração da ficha de objectivos individuais. Não faz qualquer sentido que os professores tenham de elaborar essa ficha porque o actual quadro legal e conceptual da escola vai no sentido da perda de autonomia curricular e pedagógica do professor. Não deve ser o professor, individualmente, a definir os objecticos individuais, mas sim a escola como instituição.
vi. Redução dos itens de classificação com a eliminação dos que se referem, por exemplo, à participação na investigação (claramente desajustada no quadro do actual estatuto dos professores) e ao combate ao insucesso e ao abandono (não é o professor individualmente que deve ser responsabilizado por isso mas sim a escola no seu todo). Ver a este propósito o meu post "O tempo de trabalho do professor tem de ser respeitado", a publicar hoje às 17 horas. Às 20:00, publico um post de análise crítica à proposta de avaliação de desempenho elaborada pelo grupo de trabalho do SPGL. É assim que os autores da proposta se apresentam. A referida proposta é tão má que me vai exigir uma sequela de posts com o objectivo de a criticar.
ProfAvaliação

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