quinta-feira, maio 01, 2008

Milhares de trabalhadores celebram 1º de Maio com críticas ao governo criar PDF versão para impressão enviar por e-mail
01-Mai-2008
1º de Maio de 2008. Foto de Paulete Matos
Mais de cem mil trabalhadores manifestaram-se em todo o país, assinalando o 1º de Maio com duras críticas às políticas económicas e sociais do governo, nomeadamente aquelas que visam "agravar ainda mais" o código do trabalho, pois vêm "facilitar os despedimentos e desrespeitar os trabalhadores". Cerca de mil jovens precários participaram na Parada Mayday que com muita festa e combatividade se juntou ao cortejo da CGTP, em Lisboa, até à Alameda D.Afonso Henriques.

Sob o lema "respeitar os trabalhadores, mudar de políticas" cerca de 80 mil manifestantes dos distritos de Lisboa e Setúbal, afectos à CGTP, desfilaram do Martim Moniz até à Alameda D.Afonso Henriques gritando palavras de ordem como "O código do trabalho não passará", "a precariedade é injusta, os jovens estão em luta". A manifestação foi encabeçada por um grupo de bombos e colorida por bandeiras sindicais.
No final, Carvalho da Silva afirmou que a proposta que o Governo coloca aos parceiros sociais para alterar o código do trabalho "é violenta". E acrescentou que o novo código do trabalho recupera as ideias do governo PSD-CDS, quando Bagão Félix era ministro, recordando declarações actuais de dirigentes socialistas que se aproximam da posição do anterior Governo.

Nesta manifestação incluiu-se também a parada Mayday, composta por cerca de mil jovens precários - operadores de call-center, "caixas" de supermercado, cientistas a bolsa, intermitentes, desempregados, estagiários, contratados a prazo, estudantes - e que inciaram o primeiro de Maio com um desfile próprio do Largo Camões até ao Martim Moniz, onde se juntaram ao cortejo da CGTP. Com muita música e adereços, gritaram palvras de ordem como "precários nos querem, rebeldes nos terão", "Desemprego em cima, salários em baixo, e rapa o tacho e rapa o tacho" e "Deixem passar, Deixem passar, que eu sou precário e o Mundo vou mudar". Marco Marques afirmou ao Esquerda.net que a proposta do Governo para que as empresas passem a pagar 5% da segurança social dos trabalhadores a recibos verdes constitui a legitimação da precariedade, dado que "basta que os patrões paguem uma pequena quantia para poderem usar e abusar dos falsos recibos verdes".

No Porto, os manifestantes afectos à CGTP lembraram que "as propostas do governo, em vez de suavizarem as medidas mais gravosas do actual Código de Trabalho, ainda as vêm agravar". João Torres criticou particularmente as medidas anunciadas pelo executivo com a intenção de combater o trabalho precário, considerando que "o governo não consegue enganar os sindicatos e os trabalhadores". "A proposta do governo é como um gato escondido com o rabo de fora. Nós já vimos o gato e já vimos o rabo", frisou o dirigente da CGTP. Terça-feira, o Conselho Nacional da CGTP vai reunir para decidir as formas de luta a adoptar e João Torres frisou que "nenhuma está excluída, nem sequer a greve geral".

Pela primeira vez a UGT organizou um desfile em Lisboa, em vez da tradicional concentração junto à Torre de Belém. Foram entre 20 a 30 mil os trabalhadores que percorreram a Avenida da Liberdade, concentrando-se no Rossio, com o lema"contra a precariedade, empregos de qualidade". João Proença, secretário-geral da UGT, adiantou à Lusa que a manifestação de rua "não tem a ver com a conjuntura actual, relacionada com a revisão do código de trabalho" uma vez que já estava programada "há muito tempo".

In esquerda.net

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