terça-feira, outubro 26, 2010

Contra as medidas de austeridade e o roubo nos salários PDF Imprimir e-mail
Assistimos por toda a Europa à resistência e luta dos Povos contra as “diversas modalidades” com que os governos investem contra os direitos dos trabalhadores, cortam nas prestações sociais, reduzem os custos do trabalho baixando os salários de forma directa e também indirectamente pela via do aumento dos impostos.
Tudo isto em nome da consolidação orçamental, ditada pela UE / BCE, que resulta no aumento da transferência de capital para o sistema financeiro ou seja: os Bancos, que querem tapar os buracos das suas contas e aumentar os lucros. Mas esta imposição sobre os povos agrava de forma brutal os níveis de pobreza, as desigualdades sociais, provocando mais desemprego e precariedade. Colocam em causa o Estado Social e os direitos conquistados, activando respostas:
As muitas greves gerais (sete) realizadas este ano e as lutas em curso na Grécia; a greve geral no passado dia 29 de Setembro em Espanha com mais de 70% de adesão e que forçou a uma remodelação governamental (para que tudo fique na mesma); os fortes protestos que estão a acontecer em países do Leste.
A importante acção de luta a nível europeu promovida pela CES (Confederação Europeia de Sindicatos) em 29 de Setembro e outra que se anuncia já para o próximo dia 16 de Dezembro de 2010, que pode finalmente ser o início da coordenação das lutas a este nível e que nos permita aumentar a sua intensidade.
A posição dos sindicatos britânicos (TUC) de anunciarem luta, greves intersindicais e coordenadas local e nacionalmente (veja-se o metro de Londres, que já vai na segunda greve contra os despedimentos e estão marcadas mais duas para 2 e 28 de Novembro), mesmo antes da concretização por parte do governo conservador-liberal dum plano de austeridade que prevê aumento de impostos, cortes brutais nas prestações sociais e o despedimento de 500 mil trabalhadores da função pública.
A imensa luta que é travada em França, contra o aumento da idade da reforma para os 62 anos e direito das pensões por inteiro para os 67 anos, levou a grande manifestações por todo o país e greves em diversos sectores, chegando ao bloqueio de doze refinarias e ao envolvimento dos estudantes na luta, conta também com o apoio da grande maioria da população o que leva a mais mobilizações populares com novas jornadas convocadas para 28 de Outubro e 6 de Novembro. Importa realçar a unidade na acção das sete centrais sindicais.
Estes grandes exemplos de luta na Europa e outros que ocorrem noutros pontos do Mundo devem servir-nos para em Portugal construirmos uma enorme Greve Geral que seja dos que trabalham, dos desempregados, precários, reformados, estudantes, que seja um amplo movimento de toda a sociedade.
Não faltam razões para participar nesta Greve Geral convocada pela CGTP, à qual se juntou a UGT.
Reagir às medidas injustas que o governo apresentou no PEC 3 e agora no OE/2011 é fundamental para defender os salários, as pensões, o subsídio de desemprego, o emprego digno, o direito ao SNS e à educação pública.
Protestar contra o aumento do IVA e dos impostos que atingem maioritariamente as classes com baixos rendimentos é mais uma razão de luta a acrescentar para fazer a greve geral.
O argumento da inevitabilidade destas medidas anti-sociais, tão propalado pelos “opinadores do costume” na comunicação social, é demagógico, e não passa do eco do Governo apoiado pelo PSD e CDS embora disfarçado com tangos e outras “tangas”.
É preciso vencer a ideologia do “sacrifício” antes que ela nos vença, porque a uma fase de sacrifícios segue-se outra, e a isso é preciso Dizer Não.
A defesa do bem-estar social e da qualidade de vida das classes populares é uma Exigência de que não abdicamos.
Existem alternativas a estas políticas recessivas de somar crise à crise. A CGTP e os partidos políticos de esquerda, como o BLOCO, têm propostas para estimular o investimento que cria emprego, dinamizar a procura interna, criar justiça fiscal e melhorar a distribuição do rendimento para reduzir a pobreza e proteger os salários.
Esta Greve Geral serve ainda para exigir uma alteração de políticas e tornar-se num enorme protesto popular em defesa do Estado Social.
Para tal é necessário criar uma dinâmica que seja imparável na formação de “piquetes de greve” que a defendam com força nos locais de trabalho e ao mesmo tempo ganhar a rua das nossas cidades fazendo concentrações e manifestações onde seja possível.
A Greve Geral é uma resposta forte e solidária à crise, ao desemprego, ao roubo fiscal e salarial.
Façamos do dia 24 de Novembro, o início duma luta muito mais forte em Portugal e na Europa.

Francisco Alves – dirigente sindical
A Comuna 

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