A Republicanização do Algarve (1876 – 1910) | ||
O Partido Republicano organizou-se oficialmente a partir de 1876. Formulavam-se propostas pertinentes que era necessário resolver na sociedade portuguesa, como a questão do combate ao analfabetismo, o atraso da economia, a critica à influência da Igreja na sociedade, entre outros aspetos. As primeiras referências a republicanos no Algarve encontram-se em Tavira e Lagos. Na primeira, com a criação do Centro Democrático Progressista, fundado em Abril de 1876. Esta agremiação não era uma organização puramente republicana, mas contava com republicanos, como o espanhol Roque Féria. Este comerciante e jornalista republicano tem a particularidade de ver todos os jornais que fundou serem compulsivamente encerrados, ele que se estabeleceu primeiro em Tavira e depois em Olhão. Na cidade de Lagos, fruto da ação de um conjunto de personalidades, entre elas o advogado José António Bourquin Braklamy, Jerónimo Biker Cabral e Bartolomeu Salazar Moscoso, criou-se, em 1882, o Centro Eleitoral Democrático Lacobrigense. Nesta primeira etapa do percurso das ideias republicanas pela região algarvia, houve um momento alto que foi o ano de 1884. É preciso não esquecer que o contexto do País favorecia o gradual avanço dos republicanos (Comemorações de 1880 e 1882), e, note-se, não do republicanismo. Esta ideia de republicanismo só conquista o seu espaço nos anos que antecedem a implantação da República, em especial, a partir de 1906. Dizíamos então que 1884 foi um ano de charneira no movimento republicano algarvio. Emergem novos centros em Olhão e Tavira, mas foi a visita dos denominados “paladinos da democracia”, Jacinto Nunes, Anselmo Xavier e Sebastião de Magalhães Lima, ao longo de vários dias em Novembro, que permitiu aos republicanos da região criarem o seu Conselho Provincial e elaborarem os estatutos do partido no Algarve. Faziam parte desse Conselho Provincial, de 1884, os cidadãos Joaquim Eugénio Júdice (presidente), Dr. Francisco Emiliano Parreira (vice-presidente), Dr. João Bentes Castel-Branco (secretário), Gustavo Cabrita (vice-secretário), Dr. José António Bourquin Braklamy (tesoureiro), Gregório Nunes Mascarenhas Neto e José Libânio Gomes (vogais). O impulso que se conheceu neste ano continuou nos anos subsequentes. Em 1885, cria-se a Associação Escolar Democrática Silvense. Em 1887, funda-se o Centro Republicano de Portimão e, em 1888, surge a Cooperativa de Instrução e Recreio Popular de Loulé. Surgem jornais republicanos como os semanários A Folha Democrática, em Lagos, A Província do Algarve e O Combate, em Tavira, e O Porvir, em Olhão. Com os acontecimentos de 31 de Janeiro de 1891, a organização republicana pelo País e na região atravessa um período de estagnação e desânimo. A partir de 1906, com uma reunião realizada em Portimão, o Partido Republicano algarvio conhece novo desenvolvimento, devido à ação dos médicos Estêvão de Vasconcelos e Silvestre Falcão e do advogado Celorico Gil, entre outros. Chegados a 1910, o Partido Republicano dispunha de uma rede de Comissões Municipais e Paroquiais espalhada pela região. Somente Aljezur, Alcoutim, Castro Marim, Monchique, Vila do Bispo e Vila Real de Santo António não dispunham de organizações políticas municipais. Nas eleições de 1908, os republicanos realizam um conjunto de iniciativas pelo Algarve, onde se destaca a visita de António José de Almeida durante o período da campanha eleitoral. Nessa eleição, alcançam resultados que entusiasmam os seus líderes, sendo candidatos do partido Fernandes Costa, José de Pádua, Zacarias Guerreiro, Júdice Formosinho e José Carvalho de Azevedo Lobo. Aliado ao aumento do peso eleitoral dos republicanos, assiste-se ao crescimento da actividade maçónica e da Carbonária, onde pontificavam António Celorico Gil e João Fiel Stockler. Portanto, o Algarve acompanhou o avanço e as dificuldades reiteradas dos republicanos pelo País, com especificidades próprias desta região. *Historiador, co-autor do blogue Almanaque Republicano (http://arepublicano.blogspot.com/) 5 de Outubro de 2010 | 09:53 Artur Barracosa Mendonça* In Barlavento |
terça-feira, outubro 05, 2010
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1 comentários:
João Vasconcelos
Tantos artigos para falar afinal da républica burguesa, não será um pouco exagerado?
Visite a A Chispa! e vá lêr o artigo publicado sobre a Greve Geral, e comente-o, se concordar com ele divulgue-o entre os seus camaradas e afixique-se-o no seu local de trabalho.
Com consideração
A Chispa!
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