segunda-feira, outubro 18, 2010

França: 1.500 postos sem combustível

Com todas as refinarias paradas, depósitos bloqueados e o porto de Marselha em greve, a falta de combustíveis está a aumentar. Cresce também a mobilização estudantil e dos camionistas.
Barricada para impedir o acesso ao depósito de combustível de Frontignan-la-Peyrade. Foto EPA/GUILLAUME HORCAJUELO

O primeiro-ministro francês, François Fillon, garantiu esta segunda-feira que não deixará “que a economia sufoque devido a um bloqueio de abastecimento de carburante”. Mas o certo é que o desabastecimento se espalha pelo país: segundo a União dos Importadores Independentes de Petróleo (UIP), há 1.500 postos “em ruptura de um produto ou totalmente secos”.
É o resultado da greve das 12 refinarias francesas, totalmente paralisadas, e do bloqueio também dos grandes depósitos de combustível e do porto de Marselha, que impede a descarga dos combustíveis trazidos pelos petroleiros.
São já 65 os navios bloqueados ou atrasados, incluindo 47 petroleiros, informou a direcção do porto, após 22 dias consecutivos de greve contra o novo regime de reformas e também contra a reforma portuária. É neste porto que se encontra um dos mais graves pontos de estrangulamento na cadeia de abastecimento de combustíveis em França.
Camionistas e estudantes
Além disso, os camionistas também estão mobilizados, fazendo bloqueios de estradas e “operações caracol” (marcha lenta) em diversas autoestradas (A63 em Biarritz, A1 entre Lille e Arras, A2 no sentido Valenciennes-Lille e em Nantes ou ainda na A6 nos arredores sul de Paris).
O ministro do Interior, Brice Hortefeux, activou um centro de coordenação inter-ministerial de crise para tentar lidar com o desabastecimento.
Prosseguem entretanto as paralisações e interrupções de tráfego devido às greves nos comboios e na RATP (transportes urbanos de Paris). Mas a maior mobilização é a dos estudantes liceais, que atinge cerca de 850 liceus, dos quai 500 estão em greve, de acordo com o sindicato estudantil UNL. Ocorreram choques com a polícia em Nanterre, Melun, Lyon, Nantes e Lille.
Nova jornada esta terça
Para esta terça-feira, estão previstas centenas de manifestações em todo o país. Milhões de pessoas devem sair às ruas mais uma vez.
O objectivo dos manifestantes é forçar o governo a recuar no projecto de aumento da idade da reforma de 65 para 67 anos.
De acordo com uma pesquisa publicada pelo jornal Le Parisien, 52% dos franceses dizem-se favoráveis a uma nova jornada de greve no país. O número chega a 72% quando perguntados se têm simpatia pelo movimento.
As previsões para esta terça apontam para um cancelamento de entre 30% e 50% dos voos em todos os aeroportos do país.
Esquerda.net

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